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Aqueles de vós que dedicastes a vossa atividade à vida pública deveis sentir-vos urgidos a não vos absterdes de trabalhar em todos os regimes, mesmo naqueles que não estão em consonância com o sentido cristão, a não ser que a Hierarquia Ordinária do país dê outro critério aos cidadãos católicos. Porque a vossa consciência não vos permite que governem os que não são católicos, e, mesmo nas circunstâncias mais adversas para a religião, sempre conseguireis impedir que se façam males maiores.

Convém que não abandoneis o campo em nenhum tipo de regime*, mesmo que por isso vos apelidem – seria injusto – de colaboracionistas. Meus filhos, sobretudo tratando-se de nações com uma maioria católica, seria incompreensível que não houvesse no governo católicos praticantes e responsáveis e, portanto, membros das diversas associações de fiéis. Se assim não fosse, poder-se-ia dizer que esses católicos não são nem praticantes nem responsáveis nem católicos, ou que a Igreja é perseguida.

Quando tiverdes de participar em tarefas de governo, ponde todo o empenho em promulgar leis justas, que os cidadãos possam cumprir. O contrário é um abuso de poder e um ataque à liberdade das pessoas: deforma, além disso, as suas consciências, porque – em tais casos – têm todo o direito de deixar de cumprir essas leis, que só o são de nome.

Respeitai a liberdade de todos os cidadãos, tendo em conta que o bem comum deve ser participado por todos os membros da comunidade. Dai a todos a possibilidade de elevar as suas vidas, sem humilhar uns para elevar os outros; aos mais humildes proporcionai horizontes abertos para o seu futuro: a segurança de um trabalho remunerado e protegido, o acesso à igualdade de cultura, porque isto – que é justo – levará luz às suas vidas, mudará o seu humor e facilitar-lhes-á a busca de Deus e de realidades mais elevadas. Filhos da minha alma, não esqueçais, contudo, que a miséria mais triste é a pobreza espiritual, a falta de doutrina e de participação na vida de Cristo.

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