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Para orientar a oração, costumo - talvez isto possa ajudar algum de vós - materializar até o que há de mais espiritual. Nosso Senhor utilizava este processo. Gostava de ensinar por parábolas, tiradas do ambiente que o rodeava: do pastor e das ovelhas, da vide e dos sarmentos, de barcos e redes, da semente que o semeador lança às mãos cheias…

Na nossa alma caiu a Palavra de Deus. Que tipo de terra é a que lhe preparámos? Abundam as pedras? Está cheia de espinhos? É talvez um lugar demasiadamente calcado por pegadas meramente humanas, mesquinhas, sem brio? Senhor, que a minha parcela seja terra boa, fértil, exposta generosamente à chuva e ao sol; que a tua semente pegue; que produza espigas gradas, trigo bom.

Eu sou a videira, vós os sarmentos Chegou Setembro e as cepas estão carregadas de vergônteas longas, finas, flexíveis e nodosas, abarrotadas de fruto, prontas já para a vindima. Reparai nesses sarmentos repletos, porque participam da seiva do tronco. Só assim aqueles minúsculos rebentos de alguns meses atrás puderam converter-se em polpa doce e madura, que encherá de alegria a vista e o coração das pessoas. No solo ficam talvez algumas varas toscas, soltas, meias enterradas. Eram sarmentos também, mas secos, estiolados. São o símbolo mais gráfico da esterilidade. Porque, sem mim, nada podeis fazer.

O tesouro. Imaginai a alegria imensa do afortunado que o encontra. Acabaram os apertos, as angústias. Vende tudo o que possui e compra aquele campo. Todo o seu coração pulsa aí: onde esconde a sua riqueza. O nosso tesouro é Cristo; não nos deve importar o facto de deitarmos pela borda fora tudo o que for estorvo, para o poder seguir. E a barca, sem esse lastro inútil, navegará directamente para o porto seguro do Amor de Deus.

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