Lista de pontos
Quando está em jogo a defesa da verdade, como se pode desejar não desagradar a Deus e ao mesmo tempo não chocar com o ambiente? São coisas antagónicas: ou uma, ou outra! É preciso que o sacrifício seja holocausto; tem de queimar-se tudo… até "o que dirão"; até isso a que chamam "reputação".
Que claramente vejo agora que a "santa desvergonha" tem a sua raiz, muito profunda, no Evangelho! Cumpre a Vontade de Deus… lembrando-te de Jesus difamado, de Jesus cuspido e esbofeteado, de Jesus levado perante os tribunais de pigmeus… E de Jesus calado!
Propósito: baixar a fronte aos ultrajes e - contando também com as humilhações que, sem dúvida, hão-de vir - prosseguir a tarefa divina que o Amor Misericordioso de Nosso Senhor quis confiar-nos.
Não és feliz, porque dás voltas a tudo como se tu fosses sempre o centro do mundo: que te dói o estômago, que te cansas, que te disseram isto ou aquilo…
Já experimentaste pensar n'Ele e, por Ele, nos outros?
Depois do entusiasmo inicial, começaram as hesitações, os titubeios, os temores… Preocupam-te os estudos, a família, o problema económico, e sobretudo o pensamento de que não podes, de que talvez não sirvas, de que te falta experiência da vida.
Dar-te-ei um meio seguro de superar esses temores (tentações do diabo ou da tua falta de generosidade!): "despreza-os", elimina da tua memória essas recordações. Já o pregou de modo terminante o Mestre há vinte séculos: "Não voltes a cara atrás!".
Se a imaginação fervilha à volta de ti mesmo, cria situações ilusórias, composições de lugar que ordinariamente não encaixam no teu caminho, te distraem tolamente, te esfriam e te afastam da presença de Deus. - Vaidade…
Se a imaginação é acerca dos outros, facilmente cais no defeito de julgar (quando não tens essa missão) e interpretas de modo rasteiro e pouco objectivo o seu comportamento. - Juízos temerários…
Se a imaginação esvoaça sobre os teus próprios talentos e modos de dizer, ou sobre o clima de admiração que despertas nos outros, expões-te a perder a rectidão de intenção, e a alimentar a soberba.
Geralmente, soltar a imaginação é uma perda de tempo, mas, além disso, quando não se domina, abre passo a um filão de tentações voluntárias.
- Não abandones nenhum dia a mortificação interior!
"Podia portar-me melhor, ser mais decidido, transbordar mais entusiasmo… Porque não o faço?".
Porque (perdoa a minha franqueza) és um tolo: o diabo está farto de saber que uma das portas da alma mais mal guardadas é a da tontice humana - a vaidade. Por aí carrega agora com todas as suas forças: recordações pseudo-sentimentais, complexos de ovelha ranhosa na sua visão histérica, impressão de uma hipotética falta de liberdade…
Que esperas para pôr em prática o aviso do Mestre: "Vigiai e orai, porque não sabeis o dia nem a hora?".
Há almas que parecem empenhadas em inventar sofrimentos, torturando-se com a imaginação.
Depois, quando chegam penas e contradições objectivas, não sabem estar como a Santíssima Virgem ao pé da Cruz, com o olhar posto no Filho.
Habitua-te a falar cordialmente de tudo e de todos; em especial dos que trabalham ao serviço de Deus.
E, quando isso não for possível, cala-te! Os simples comentários bruscos ou descuidados também podem raiar a murmuração ou a difamação.
Dizia um rapaz que acabava de se entregar mais intimamente a Deus: - "Agora do que preciso é de falar menos, visitar doentes e dormir no chão".
- Aplica a receita a ti mesmo.
Dos sacerdotes de Cristo não se deve falar senão para louvá-los!
(Desejo com toda a minha alma que os meus irmãos e eu o tenhamos muito em conta na nossa conduta diária…).
Documento impresso de https://escriva.org/pt-pt/book-subject/surco/32667/ (08/05/2024)