Lista de pontos
- Criança, não ardes em desejos de fazer com que todos o amem?
- Menino bom: como beijam as flores, a carta, a recordação de quem amam, os amadores da terra!…
- E tu? Poderás esquecer-te alguma vez de que o tens sempre a teu lado… a Ele!? Esqueces-te… de que o podes comer?
O menino tolo chora e esperneia quando a mãe lhe espeta carinhosamente um alfinete no dedo para tirar o espinho que se enterrou… O menino ajuizado, talvez com os olhos cheios de lágrimas - porque a carne é fraca -, olha agradecido para a mãe boa que o faz sofrer um pouco, para evitar males maiores.
- Jesus, que eu seja menino ajuizado.
Vai até Belém, aproxima-te do Menino, baila com Ele, diz-lhe muitas coisas vibrantes, aperta-o contra o coração…
Não estou a falar de infantilidades: falo de amor! E o amor manifesta-se com factos: na intimidade da tua alma, bem o podes abraçar!
Recordaremos a Jesus que somos crianças. E as crianças, as crianças pequenitas e simples, muito sofrem para subir um degrau! Aparentemente, estão ali a perder tempo. Por fim, sobem. Agora, outro degrau. Com as mãos e os pés, e com o impulso do corpo todo, conseguem um novo triunfo: outro degrau. E voltam a começar. Que esforços! Já faltam poucos…, mas, então, uma escorregadela… e ei-lo!… por aí abaixo. Toda dorida, num mar de lágrimas, a pobre criança começa, recomeça a subida.
- Assim acontece connosco, Jesus, quando estamos sozinhos. Pega-nos Tu nos teus braços amáveis, como um Amigo grande e bom da criança simples; não nos deixes enquanto não chegarmos lá acima; e então - oh então! -, saberemos corresponder ao teu Amor misericordioso com audácias infantis, dizendo-te, doce Senhor, que, fora de Maria e de José, não houve nem haverá mortal - e houve-os muito loucos - que te queira como te quero eu.
Aconselhei-te a não te importares de fazer pequenas infantilidades: desde que esses actos não sejam rotineiros, não serão estéreis.
Um exemplo: suponhamos que uma alma, que vai pela via da infância espiritual, se sente movida a agasalhar todas as noites, nas horas do sono, uma imagem de madeira da Santíssima Virgem.
O entendimento rebela-se contra semelhante acção, por lhe parecer claramente inútil. Mas a alma pequena, tocada pela graça, vê perfeitamente que uma criança, por amor, actuaria assim.
Então, a vontade viril, que têm todos os que são espiritualmente pequenos, ergue-se, obrigando o entendimento a render-se… E se aquela alma infantil continua todos os dias a aconchegar a imagem de Nossa Senhora, faz também todos os dias uma pequena criancice fecunda aos olhos de Deus.
Quando fores sinceramente criança e seguires por caminhos de infância - se o Senhor te levar por aí -, serás invencível.
Hás-de sentir a necessidade urgente de te veres pequeno, desprovido de tudo, débil. Então lançar-te-ás no regaço da nossa Mãe do Céu, com jaculatórias, com olhares de afecto, com práticas de piedade mariana… que estão no âmago do teu espírito filial.
Ela proteger-te-á.
- Não te limites a falar ao Paráclito, ouve-o!
Na tua oração considera que a vida de infância, ao fazer-te descobrir com profundidade que és filho de Deus, te encheu de amor filial ao Pai; pensa que, anteriormente, foste por Maria a Jesus que adoras como amigo, como irmão, como seu apaixonado que és…
Depois, ao receber este conselho, compreendeste que, até agora, sabias que o Espírito Santo habitava na tua alma para a santificar…, mas não tinhas "compreendido" essa verdade da sua presença. Foi precisa aquela sugestão: agora sentes o Amor dentro de ti; e queres dar-te com Ele, ser seu amigo, seu confidente…, facilitar-lhe o trabalho de limpar, de arrancar, de atear…
- Não vou saber fazê-lo! - pensavas. Ouve--o - insisto. Ele dar-te-á forças, Ele fará tudo, se tu quiseres…, e queres com certeza!
Reza: - Divino Hóspede, Mestre, Luz, Guia, Amor: que saiba acolher-te, e escutar as tuas lições, e vibrar, e seguir-te, e amar-te.
Tens a certeza de que foi Deus quem te fez ver, claramente, que deves voltar às infantilidades mais pueris da tua antiga vida interior; e perseverar, durante meses e até anos, nessas insignificâncias heróicas (a sensibilidade, tantas vezes adormecida para o bem, não conta), talvez com a tua vontade fria, mas decidida a cumpri-las por Amor.
Exige-te sem medo. Muitas almas fazem assim na sua vida escondida, para que só Nosso Senhor brilhe.
Gostaria que tu e eu reagíssemos como aquela pessoa - que desejava ser muito de Deus - na festa da Sagrada Família, que se celebrava então na infra-oitava da Epifania.
"Não me faltam 'cruzinhas'. Uma, de ontem, - custou-me até chorar - trouxe-me à consideração, no dia de hoje, que o meu Pai e Senhor S. José e a minha Mãe Santa Maria não quiseram deixar o 'seu menino' sem presente de Reis. E o presente foi luz para conhecer a minha ingratidão com Jesus, por falta de correspondência à graça, e o erro enorme que significa opor-me, com a minha conduta vil, à Vontade Santíssima de Deus, que me quer para seu instrumento".
Documento impresso de https://escriva.org/pt-pt/book-subject/forja/32430/ (09/05/2024)