Lista de pontos
Procura que na tua boca de cristão - que isso és e tens de ser a toda a hora - esteja a "imperiosa" palavra sobrenatural que mova, que incite, que seja a expressão da tua disposição vital comprometida.
"Coepit facere et docere". - Jesus começou a fazer e depois a ensinar: tu e eu temos de dar o testemunho do exemplo, porque não podemos levar uma vida dupla: não podemos ensinar o que não praticarmos. Por outras palavras, temos de ensinar o que, pelo menos, lutamos por praticar.
Já que és tão exigente em que, até nos serviços públicos, os outros cumpram as suas obrigações - é um dever!, afirmas -, já pensaste se respeitas o teu horário de trabalho, se o realizas com consciência?
A devoção sincera, o verdadeiro amor a Deus, leva ao trabalho, ao cumprimento - ainda que custe - do dever de cada dia.
Pôs-se em relevo, muitas vezes, o perigo das obras sem vida interior que as anime: mas devia sublinhar-se também o perigo de uma vida interior - se é que pode existir - sem obras.
A luta interior não nos distancia das nossas ocupações temporais: leva-nos a acabá-las melhor!
A tua existência não é repetição de actos iguais, porque o seguinte deve ser mais recto, mais eficaz, mais cheio de amor que o anterior. Cada dia nova luz, novo entusiasmo!, por Ele!
Em cada dia faz tudo o que puderes para conheceres a Deus, para te dares com Ele, para te enamorares mais em cada instante e não pensares senão no seu Amor e na sua glória.
- Cumprirás este plano, filho, se não deixares, por nada!, os teus tempos de oração, a tua presença de Deus (com jaculatórias e comunhões espirituais para te inflamarem), a tua Santa Missa pausada, o teu trabalho bem acabado por Ele.
Nunca compartilharei a opinião - ainda que a respeite - dos que separam a oração da vida activa, como se fossem incompatíveis.
Os filhos de Deus têm de ser contemplativos: pessoas que, no meio do fragor da multidão, sabem encontrar o silêncio da alma em colóquio permanente com Nosso Senhor: e olhá-lo como se olha um Pai, como se olha um Amigo, a quem se quer com loucura.
Uma pessoa piedosa, com uma piedade sem beatice, cumpre o seu dever profissional com perfeição, porque sabe que esse trabalho é oração elevada a Deus.
A nossa condição de filhos de Deus levar-nos-á - insisto - a ter espírito contemplativo no meio de todas as actividades humanas - luz, sal e levedura, pela oração, pela mortificação, pela cultura religiosa e profissional -, fazendo realidade este programa: quanto mais dentro do mundo estivermos, tanto mais temos de ser de Deus.
O ouro bom e os diamantes estão nas entranhas da terra, não na palma da mão.
O teu trabalho de santidade - própria e com os outros - depende desse fervor, dessa alegria, desse teu trabalho, obscuro e quotidiano, normal e corrente.
Documento impresso de https://escriva.org/pt-pt/book-subject/forja/31297/ (12/05/2024)