Lista de pontos
Enterra com a penitência, no fosso profundo que a tua humildade abrir, as tuas negligências, ofensas e pecados. - Assim enterra o lavrador, ao pé da árvore que os produziu, frutos apodrecidos, ramos secos e folhas caducas. - E o que era estéril, melhor, o que era prejudicial, contribui eficazmente para uma nova fecundidade. Aprende a tirar das quedas, impulso; da morte, Vida.
Tristeza, abatimento. Não me admira; é a nuvem de pó que a tua queda levantou. Mas basta! Acaso o vento da graça não levou para longe essa nuvem?
Além disso, a tua tristeza - se não a afastares - bem pode ser o invólucro da tua soberba. - Julgavas-te perfeito e impecável?
Portaste-te bem…, apesar de teres caído tão fundo. - Portaste-te bem, porque te humilhaste, porque rectificaste, porque te encheste de esperança, e a esperança te trouxe de novo ao Amor. - Não faças essa cara de espanto; portaste-te bem! - Levantaste-te do chão. "Surge", clamou de novo a voz poderosa, "et ambula!". Agora, ao trabalho!
Bem. E daí? - Não percebo como te podes retrair desse trabalho de almas (se não é por oculta soberba: julgas-te perfeito), porque o fogo de Deus que te atraiu, além da luz e do calor que te entusiasmam, deita às vezes o fumo da fraqueza dos instrumentos.
Não te apoquentes por verem as tuas faltas. A ofensa a Deus e a desedificação que podes ocasionar, isso é que te deve doer.
- De resto, que saibam como és e te desprezem. - Não tenhas pena de seres nada, porque assim Jesus tem que pôr tudo em ti.
És o pó sujo e caído. - Ainda que o sopro do Espírito Santo te levante sobre todas as coisas da Terra e te faça brilhar como ouro ao reflectires nas alturas, com a tua miséria, os raios soberanos do Sol da Justiça, não esqueças a pobreza da tua condição.
Um instante de soberba far-te-ia voltar ao chão e deixarias de ser luz para ser lodo.
Reconhece humildemente a tua fraqueza, para poderes dizer com o Apóstolo: "cum enim infirmor tunc potens sum" - porque, quando sou fraco, então sou forte.
Padre: como pode suportar todo este lixo? - disseste-me, depois de uma confissão contrita.
Calei-me, pensando que, se a tua humildade te leve a sentires-te isso - lixo, um montão de lixo - ainda poderemos fazer algo de grande de toda a tua miséria.
Outra queda…, e que queda!… Desesperar-te? Não; humilhar-te e recorrer, por Maria, tua Mãe, ao Amor Misericordioso de Jesus. - Um "miserere" e, coração ao alto!
- A começar de novo.
Bem fundo caíste. - Começa os alicerces a partir daí. - Sê humilde. - "Cor contritum et humiliatum, Deus, non despicies". - Não desprezará Deus um coração contrito e humilhado.
Quando queres fazer as coisas bem, muito bem, é que as fazes pior. - Humilha-te diante de Jesus, dizendo-Lhe: viste como faço tudo mal? - Pois se não me ajudas muito, ainda farei pior!
Tem compaixão do teu menino; olha que quero escrever todos os dias uma página grande no livro da minha vida… Mas sou tão rude! Se o Mestre não me pega na mão, em vez de letras esbeltas saem da minha pena gatafunhos e borrões que se não podem mostrar a ninguém. De agora em diante, Jesus, escreveremos sempre juntos os dois.
Documento impresso de https://escriva.org/pt-pt/book-subject/camino/32345/ (08/05/2024)