Lista de pontos
Esse espírito crítico (concedo-te que não é murmuração), não o deves exercitar no teu apostolado, nem com os teus irmãos. - Esse espírito crítico é, para o vosso empreendimento sobrenatural (perdoas-me que to diga?), um grande estorvo, porque, enquanto examinas (com a mais elevada intenção, acredito) o trabalho dos outros, sem teres nada por que examiná-lo, não fazes nenhuma obra positiva e dificultas, com o exemplo da tua passividade, o bom andamento de todos.
"Então - perguntas tu, inquieto - esse espirito crítico, que é como que a substância do meu carácter…?".
Olha (vou tranquilizar-te): pega numa caneta e num papel, escreve simples e confiadamente - ah!, e com brevidade - os motivos que te preocupam, entrega a nota ao superior, e não penses mais nela. - Ele, que é quem vos dirige e tem graça de estado, arquivará a nota… ou deitá-la-á no cesto dos papéis. - Para ti, como o teu espírito crítico não é murmuração, e só o exercitas para fins elevados, tanto te faz.
Se sentes impulsos de ser chefe, a tua aspiração será: com os teus irmãos, o último; com os outros, o primeiro.
Vamos a ver: que injúria se te faz a ti porque este ou aquele tem mais confiança com determinadas pessoas, que conheceu antes ou por quem sente mais afinidades de simpatia, de profissão, de carácter?
- No entanto, entre os teus, evita cuidadosamente até a aparência de uma amizade particular.
Nunca fales mal do teu irmão, mesmo que tenhas sobejos motivos. - Vai primeiro ao Sacrário, e depois procura o Sacerdote, teu pai, e desabafa também a tua pena com ele.
- E com mais ninguém.
Depois de ver em que se empregam, por completo, muitas vidas (língua, língua, língua, com todas as suas consequências), parece-me mais necessário e mais amável o silêncio. - E compreendo muito bem que peças contas, Senhor, da palavra ociosa.
"Frater qui adjuvatur a fratre quasi civitas firma". - O irmão ajudado pelo seu irmão é tão forte como uma cidade amuralhada.
- Pensa um pouco e decide-te a viver a fraternidade que sempre te recomendo.
Se não te vejo praticar a bendita fraternidade que continuamente te prego, recordar-te-ei aquelas entranháveis palavras de São João: "Filioli mei, non diligamus verbo neque lingua, sed opere et veritate". - Filhinhos meus, não amemos de palavras ou de língua, mas com obras e em verdade.
O poder da caridade! - A vossa mútua fraqueza é também apoio que vos mantém direitos no cumprimento do dever, se viveis a vossa bendita fraternidade: como mutuamente se sustêm, apoiando-se, as cartas de jogar.
Vês? Um fio e outro e muitos, bem entrançados, formam esse calabre, capaz de levantar pesos enormes.
- Tu e os teus irmãos, unidas as vossas vontades para cumprir a de Deus, sereis capazes de vencer todos os obstáculos.
Terás mais facilidade em cumprir o teu dever, se pensares na ajuda que te prestam os teus irmãos e na que Ihes deixas de prestar se não fores fiel.
Na tua obra de apostolado, não temas os inimigos de fora, por maior que seja o seu poder. - Este é o inimigo terrível: a tua falta de "filiação" e a tua falta de "fraternidade".
Compreendo bem que te divirtam os desprezos - mesmo que venham de inimigos poderosos - desde que sintas a união com o teu Deus e com os teus irmãos de apostolado. - A ti, que te importa?
Documento impresso de https://escriva.org/pt-pt/book-subject/camino/31101/ (08/05/2024)