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Há 5 pontos em «Amigos de Deus» cujo tema é Nossa Senhora  → modelo e caminho.

É a hora de recorreres à tua Mãe bendita do Céu, para que te acolha nos seus braços e te consiga do seu Filho um olhar de misericórdia. E procura depois fazer propósitos concretos: corta de uma vez, ainda que custe, esse pormenor que estorva e que é bem conhecido de Deus e de ti. A soberba, a sensualidade, a falta de sentido sobrenatural aliar-se-ão para te sussurrarem: isso? Mas se se trata de uma circunstância tonta, insignificante! Tu responde, sem dialogar mais com a tentação: entregar-me-ei também nessa exigência divina! E não te faltará razão: o amor demonstra-se especialmente em coisas pequenas. Normalmente, os sacrifícios que o Senhor nos pede, os mais árduos, são minúsculos, mas tão contínuos e valiosos como o bater do coração.

Quantas mães conheceste como protagonistas de um acto heróico, extraordinário? Poucas, muito poucas. E contudo, mães heróicas, verdadeiramente heróicas, que não aparecem como figuras de nada espectacular, que nunca serão notícia - como se diz - tu e eu conhecemos muitas: vivem sacrificando-se a toda a hora, renunciando com alegria aos seus gostos e passatempos pessoais, ao seu tempo, às suas possibilidades de afirmação ou de êxito, para encher de felicidade os dias dos seus filhos.

Em mim encontra-se toda a graça de doutrina e de verdade, em mim toda a esperança de vida e de virtude . Com quanta sabedoria pôs a Igreja estas palavras na boca da nossa Mãe, para que nós, os cristãos, não as esqueçamos. Ela é a segurança, o Amor que nunca nos abandona, o abrigo constantemente aberto, a mão que acaricia e consola sempre.

Um antigo Padre da Igreja escreve que devemos procurar conservar na nossa mente e na nossa memória um resumo ordenado da vida da Mãe de Deus. Tereis folheado muitas vezes prontuários de Medicina, de Matemática ou de outras matérias. Aí se enumeram, para casos de necessidade urgente, os remédios imediatos, as medidas que se devem adoptar, com o fim de não nos perdermos nessas ciências.

Mãe da Igreja

Agrada-me voltar, em pensamento, àqueles anos em que Jesus permaneceu junto de sua Mãe e que abarcam quase toda a vida de Nosso Senhor neste mundo. Vê-lo pequeno quando Maria cuida d'Ele e o beija e o entretém… Vê-lo crescer diante dos olhos enamorados de sua Mãe e de José, seu pai na terra… Com quanta ternura e com quanta delicadeza Maria e o Santo Patriarca se preocupariam com Jesus durante a sua infância! E, em silêncio, aprenderiam muito e constantemente d'Ele. As suas almas ir-se-iam afazendo à alma daquele Filho, Homem e Deus. Por isso, a Mãe - e, depois dela, José - conhece como ninguém os sentimentos do coração de Cristo e os dois são o caminho melhor, diria até que o único, para chegar ao Salvador.

Que em cada um de vós, escrevia Santo Ambrósio, esteja a alma de Maria, para louvar o Senhor; que em cada um esteja o espírito de Maria, para se regozijar em Deus. E este Padre da Igreja acrescenta umas considerações, que à primeira vista parecem atrevidas, mas que têm um sentido espiritual claro para a vida do cristão: Segundo a carne, uma só é Mãe de Cristo; segundo a fé, Cristo é fruto de todos nós.

Se nos identificarmos com Maria, se imitarmos as suas virtudes, poderemos conseguir que Cristo nasça, pela graça, na alma de muitos que se identificarão com Ele pela acção do Espírito Santo. Se imitarmos Maria, participaremos de algum modo na sua maternidade espiritual: em silêncio, como Nossa Senhora, sem que se note, quase sem palavras, com o testemunho íntegro e coerente de uma conduta cristã, com a generosidade de repetir sem cessar um fiat que se renova como algo íntimo entre Deus e nós.

A Humanidade Santíssima de Cristo

Como poderemos superar estes inconvenientes? Como conseguiremos fortalecer-nos nessa decisão que começa a parecer-nos muito pesada? Inspirando-nos no modelo que nos apresenta a Virgem Santíssima, nossa Mãe: uma rota muito ampla, que passa necessariamente através de Jesus.

Para nos aproximarmos de Deus temos de empreender o caminho certo, que é a Humanidade Santíssima de Cristo. Por isso, aconselho sempre a leitura de livros que narram a Paixão do Senhor. Esses escritos, cheios de sincera piedade, trazem-nos à mente o Filho de Deus, Homem como nós e Deus verdadeiro, que ama e que sofre na sua carne pela Redenção do mundo.

Consideremos uma das devoções mais arreigadas entre os cristãos, o Santo Rosário. A Igreja anima-nos à contemplação dos mistérios: para que se gravem na nossa mente e na nossa imaginação a alegria, a dor e a glória de Santa Maria, o exemplo admirável de Nosso Senhor, nos seus trinta anos de obscuridade, nos seus três anos de pregação, na sua Paixão afrontosa e na sua gloriosa Ressurreição.

Seguir Cristo: é este o segredo. Acompanhá-lo tão de perto, que vivamos com Ele, como os primeiros doze; tão de perto, que com Ele nos identifiquemos. Se não levantarmos obstáculos à graça, não tardaremos a afirmar que nos revestimos de Nosso Senhor Jesus Cristo. Nosso Senhor reflecte-se na nossa conduta como num espelho. Se o espelho for como deve ser, captará o rosto amabilíssimo do nosso Salvador sem o desfigurar, sem caricaturas: e os outros terão a possibilidade de O admirar, de O seguir.

Não pensemos que, nesta senda da contemplação, as paixões se calam definitivamente. Enganar-nos-íamos se supuséssemos que a ânsia de procurar Cristo, a realidade do seu encontro e do seu convívio e a doçura do seu amor nos tornavam pessoas impecáveis. Embora não lhes falte experiência disso, deixem-me, no entanto, recordá-lo. O inimigo de Deus e do homem, Satanás, não se dá por vencido, não descansa. E assedia-nos, mesmo quando a alma arde inflamada no amor de Deus. Sabe que nessa altura a queda é mais difícil, mas que - se conseguir que a criatura ofenda o seu Senhor, ainda que seja em pouco - poderá lançar naquela consciência a grave tentação do desespero.

Aconselharei a quem quiser aprender com a experiência de um pobre sacerdote que não pretende falar senão de Deus, que, quando a carne tentar recobrar os seus foros perdidos, ou a soberba - que é pior - se revoltar e se encabritar, correr a abrigar-se nessas divinas fendas abertas no Corpo de Cristo pelos cravos que O seguraram à Cruz e pela lança que atravessou o Seu peito. Vamos como nos comover mais; derramemos nas Chagas de Nosso Senhor todo esse amor humano… e esse amor divino. Que isto é desejar a união, sentir-se irmão de Cristo, ser seu consanguíneo, filho da mesma Mãe, porque foi Ela que nos levou até Jesus.

Referências da Sagrada Escritura
Referências da Sagrada Escritura