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Há 2 pontos em «Amigos de Deus» cujo tema é Vida do dia-a-dia → presença de Deus operativa.

Procurar a presença de Deus

Vida interior. Santidade nas tarefas usuais, santidade nas coisas pequenas, santidade no trabalho profissional, nas canseiras de todos os dias…; santidade para santificar os outros. Numa certa ocasião, um meu conhecido - nunca hei-de chegar a conhecê-lo bem - sonhava que ia a voar num avião a uma grande altura, mas não dentro da cabine; ia montado nas asas. Coitado do desgraçado: como sofria e se angustiava! Parecia que Nosso Senhor lhe dava a conhecer que assim andam pelas alturas - inseguras, inquietas - as almas apostólicas que não têm vida interior ou que a descuidam: com o perigo constante de caírem, sofrendo, incertas.

E penso, efectivamente, que correm um sério risco de se extraviarem os que se lançam à acção - ao activismo - prescindindo da oração, do sacrifício e dos meios indispensáveis para conseguir uma piedade sólida: a frequência dos Sacramentos, a meditação, o exame de consciência, a leitura espiritual, a convivência assídua com a Virgem Santíssima e com os Anjos da Guarda… Tudo isto contribui, além disso, com uma eficácia insubstituível, para que o caminho do cristão seja tão agradável, porque da sua riqueza interior jorram a doçura e a felicidade de Deus como o mel do favo.

Na intimidade pessoal, na conduta externa, no convívio com os outros, no trabalho, cada um há-de procurar manter-se numa contínua presença de Deus, com uma conversa - um diálogo - que não se manifesta exteriormente. Melhor dito, não se exprime normalmente com ruído de palavras, mas há-de notar-se pelo empenho e pela diligência amorosa com que acabamos bem as tarefas, tanto as importantes como as insignificantes. Se não procedêssemos com essa constância, seríamos pouco coerentes com a nossa condição de filhos de Deus, pois teríamos desperdiçado os recursos que Nosso Senhor colocou providencialmente ao nosso alcance, para chegarmos ao estado de homem perfeito, à medida da idade perfeita segundo Cristo.

Durante a última guerra de Espanha, fazia viagens com frequência para atender sacerdotalmente muitos rapazes que se encontravam na frente da batalha. Numa trincheira, ouvi um diálogo que me ficou muito gravado. Perto de Teruel, um soldado bastante novo comentava acerca de outro, pelos vistos um pouco indeciso, pusilânime: não é um homem às direitas! Teria um grande desgosto se se pudesse afirmar de qualquer de nós, com fundamento, que somos incoerentes; homens que afirmam que querem ser autenticamente cristãos, santos, mas que desprezam os meios, já que não manifestam continuamente a Deus o seu carinho e o seu amor filial no cumprimento das suas obrigações. Se a nossa actuação se revelasse assim, tu e eu também não seríamos cristãos íntegros.

Referências da Sagrada Escritura