Lista de pontos

Há 3 pontos em «Amigos de Deus» cujo tema é Piedade → sinceridade de vida.

Torna a olhar de novo para a tua vida e pede perdão por esse pormenor e aquele outro que saltam imediatamente aos olhos da tua consciência; pelo mau uso que fazes da língua; por esses pensamentos que giram continuamente à volta de ti mesmo; por esse juízo crítico consentido que te preocupa tontamente, causando-te uma contínua inquietação e pesadelo… Podeis ser muito felizes! O Senhor quer-nos contentes, ébrios de alegria, andando pelos mesmos caminhos de felicidade que Ele percorreu! Só nos sentimos desgraçados quando nos empenhamos em sair do caminho e em meter por esse atalho do egoísmo e da sensualidade; e muito pior ainda se entramos no dos hipócritas.

O cristão tem de manifestar-se autêntico, veraz, sincero em todas as suas obras. Na sua conduta deve transparecer um espírito: o de Cristo. Se alguém tem neste mundo a obrigação de mostrar-se consequente, é o cristão, porque recebeu em depósito, para fazer frutificar esse dom, a verdade que liberta e salva. Padre, perguntar-me-eis, e como conseguirei essa sinceridade de vida? Jesus Cristo entregou à sua Igreja todos os meios necessários: ensinou-nos a rezar, a conviver com o Seu Pai Celestial; enviou-nos o Seu Espírito, o Grande Desconhecido, que actua na nossa alma; deixou-nos esses sinais visíveis da graça que são os sacramentos. Usa-os. Intensifica a tua vida de piedade. Faz oração todos os dias. E não afastes nunca os teus ombros do peso gostoso da Cruz do Senhor.

Foi Jesus quem te convidou a segui-lo como bom discípulo, com o fim de realizares a tua passagem pela terra semeando a paz e a alegria que o mundo não pode dar. Para isso - insisto - tens de andar sem medo à vida e sem medo à morte, sem fugir a todo o custo da dor que, para o cristão, é sempre um meio de purificação e ocasião de amar verdadeiramente os seus irmãos, aproveitando as mil circunstâncias da vida ordinária.

Passou o tempo. Tenho que pôr termo a estas considerações, com as quais tentei mover a tua alma, para que respondesses concretizando alguns propósitos, poucos, mas bem determinados. Pensa que Deus te quer contente e que, se dás da tua parte o que podes, serás feliz, muito feliz, felicíssimo, mesmo que em nenhum momento te falte a Cruz. Mas essa Cruz já não é um patíbulo, mas o trono no qual reina Cristo. E a Seu lado, Sua Mãe, nossa Mãe também. A Virgem Santa alcançar-te-á a fortaleza que necessitas para seguir com decisão os passos de seu Filho.

Iubilate Deo. Exsultate Deo adiutori nostro. Louvai a Deus. Exultai de alegria no Senhor, nossa única ajuda. Jesus, quem não compreende isto, não conhece nada de amores, nem de pecados, nem mesmo de misérias! Eu sou um pobre homem e entendo de pecados, de amores e de misérias. Sabeis o que é elevar-se até ao coração de Deus? Compreendeis o que é uma alma pôr-se diante do Senhor, abrir-lhe o coração e contar-lhe as suas queixas? Eu queixo-me, por exemplo, quando leva para junto d'Ele gente nova, que ainda o poderia servir e amar muitos anos na terra, porque não consigo compreender isso. Mas são gemidos de confiança, pois sei que, se me afastasse dos braços de Deus, logo a seguir tropeçaria. Por isso, acrescento imediatamente, devagar, enquanto aceito os desígnios do Céu: faça-se, cumpra-se, seja louvada e eternamente glorificada a justíssima e amabilíssima Vontade de Deus sobre todas as coisas. Amen. Amen.

Este é o modo de proceder que nos ensina o Evangelho, a habilidade mais santa e a fonte de eficácia no apostolado; este é o manancial do nosso amor e da nossa paz de filhos de Deus, a via pela qual podemos transmitir aos homens carinho e serenidade. Só assim conseguiremos acabar os nossos dias no Amor, tendo santificado o nosso trabalho, procurando aí a felicidade escondida das coisas de Deus. Conduzir-nos-emos com a santa desvergonha das crianças e rejeitaremos a vergonha - a hipocrisia - dos adultos, que receiam voltar para o Pai, depois do fracasso de uma queda.

Termino com a saudação do Senhor que se lê hoje no Santo Evangelho: pax vobis!A paz seja convosco… E encheram-se de alegria os discípulos, ao ver o Senhor, esse Senhor que nos acompanha até ao Pai.

Deveres de justiça para com Deus e com os homens

Gravemo-lo bem na nossa alma, para que depois se note na nossa conduta: primeiro, justiça para com Deus. Essa é a pedra de toque da verdadeira fome e sede de justiça, que a distingue da gritaria dos invejosos, dos ressentidos, dos egoístas, dos cobiçosos… Com efeito, negar ao nosso Cria dor e Redentor o reconhecimento dos abundantes e inefáveis bens que nos concede é uma atitude que encerra a mais tremenda e ingrata das injustiças. Vós, se vos esforçardes deveras por ser justos, considerareis frequentemente a vossa dependência de Deus - pois, que tens tu que não tenhas recebido? - para vos encherdes de agradecimento e de desejos de corresponder a um Pai que nos ama loucamente.

Então avivar-se-á em vós o bom espírito de piedade filial, que vos fará tratar Deus com ternura de coração. Quando os hipócritas levantarem ao vosso redor a dúvida de saber se o Senhor tem direito a pedir-vos tanto, não vos deixeis enganar. Pelo contrário: ponde-vos na presença de Deus, dóceis, como a argila nas mãos do oleiro e confessai-lhe rendidamente: Deus meus et omnia! Tu és o meu Deus e o meu tudo! E se alguma vez surgir um golpe inesperado, uma tribulação imerecida por parte dos homens, sabereis cantar com nova alegria: faça-se, cumpra-se, seja louvada e eternamente glorificada a justíssima e amabilíssima Vontade de Deus sobre todas as coisas! Amen. Amen.

Referências da Sagrada Escritura
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