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Recordo-vos de novo que nos resta pouco tempo: tempus breve est, porque é breve a vida sobre a terra. Além disso, recordo-vos também que, tendo aqueles meios, não necessitamos senão de boa vontade para aproveitar as ocasiões que Deus nos concedeu. Desde que Nosso Senhor veio a este mundo, iniciou-se a era favorável, o dia da salvação, para nós e para todos. Que o Nosso Pai, Deus, não tenha de dirigir-nos a censura que já manifestou pela boca de Jeremias: a cegonha conhece no céu a sua estação; a rola, a andorinha, o grou conhecem o tempo da sua arribação; mas o meu povo não conhece o juízo do Senhor.

Não existem datas más ou inoportunas. Todos os dias são bons para servir a Deus. Só surgem os maus dias quando o homem os desaproveita com a sua falta de fé, com a sua preguiça, com a sua inércia que o inclina a não trabalhar com Deus e por Deus. Bendirei o Senhor em todo o tempo!. O tempo é um tesouro que passa, que se escapa, que corre pelas nossas mãos como a água pelas penhas altas. Ontem já passou e o dia de hoje está a passar. Amanhã será bem depressa outro ontem. A duração de uma vida é muito curta. Mas, quantas coisas se podem realizar neste pequeno espaço, por amor de Deus!

Nenhuma desculpa nos aproveitará. O Senhor foi pródigo connosco. Instruiu-nos pacientemente; explicou-nos os seus preceitos com parábolas e insistiu connosco sem descanso. Como a Filipe, pode perguntar-nos: há tanto tempo que estou convosco e ainda não me conhecestes? Chegou o momento de trabalhar deveras, de ocupar todos os momentos da jornada, de suportar - gostosamente, com alegria - o peso do dia e do calor.

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