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Um grande problema feminino é o das mulheres solteiras. Referimo-nos àquelas que, embora com vocação matrimonial, não se chegam a casar. Como não o conseguem, perguntam-se: para que estamos nós no Mundo? Que lhes responderia?

Para que estamos no Mundo? Para amar a Deus com todo o nosso coração e com toda a nossa alma e para estender esse amor a todas as criaturas. Ou será que isto parece pouco? Deus não deixa nenhuma alma abandonada a um destino cego, mas para todas tem um desígnio, a todas chama com uma vocação pessoalíssima, intransferível.

O matrimónio é caminho divino, é vocação. Mas não é o único caminho, nem a única vocação. Os planos de Deus para cada mulher não estão ligados necessariamente ao matrimónio. Têm vocação matrimonial e não chegam a casar-se? Em algum caso pode ser certo, e talvez tenha sido o egoísmo ou o amor-próprio o que impediu que esse chamamento de Deus se cumprisse; mas, outras vezes, a maioria até, isso pode ser um sinal de que o Senhor não lhes deu verdadeira vocação matrimonial. Sim, gostam de crianças, sentem que seriam boas mães, que entregariam o seu coração fielmente ao marido e aos filhos. Mas isso é normal em toda a mulher, também naquelas que, por vocação divina, não se casam - podendo fazê-lo - para se ocuparem do serviço de Deus e das almas.

Não casaram. Pois bem, que continuem, como até agora, amando a vontade de Deus, vivendo na intimidade desse Coração amabilíssimo de Jesus que não abandona ninguém, que é sempre fiel, que vai olhando por nós ao longo desta vida para Se dar a nós desde agora e para sempre.

Além disso, a mulher pode cumprir a sua missão - como mulher, com todas as suas características femininas, também as características afectivas da maternidade - em círculos diferentes da própria família: em outras famílias, na escola, em obras assistenciais, em mil lugares. A sociedade é, às vezes, muito dura - com grande injustiça - para aquelas a quem chama solteironas. Há mulheres solteiras que difundem à sua volta alegria, paz, eficácia, que se sabem entregar nobremente ao serviço dos outros e ser mães, em profundidade espiritual, com mais realidade do que muitas, que são mães apenas fisiologicamente.

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