Podes!

Quero prevenir-te de uma dificuldade que talvez possa aparecer: a tentação do cansaço, do desalento.

- Não está ainda fresca a recordação de uma vida - a tua - sem rumo, sem meta, sem graça, que a luz de Deus e a tua entrega encaminharam e encheram de alegria?

Não troques disparatadamente isto por aquilo.

Se notas que não podes, seja por que motivo for, diz-lhe, abandonando-te nele: - Senhor, confio em ti, abandono-me em Ti, mas ajuda a minha debilidade!

E cheio de confiança, repete-lhe: - Olha para mim, Jesus, sou um trapo sujo; a experiência da minha vida é tão triste, não mereço ser teu filho. Di-lo…; e di-lo muitas vezes.

Não tardarás em ouvir a sua voz: "Ne timeas!". - Não temas! Ou também: "Surge et ambula!". - Levanta-te e caminha!

Comentavas-me, ainda indeciso: - Como se notam essas alturas em que Nosso Senhor me pede mais!

Só me veio à cabeça lembrar-te: - Asseguravas-me que só querias identificar-te com Ele, porque resistes então?

Oxalá saibas cumprir esse propósito que tiraste: "Cada dia morrer um pouco para mim mesmo".

A alegria, o optimismo sobrenatural e humano, são compatíveis com o cansaço físico, com a dor, com as lágrimas - porque temos coração -, com as dificuldades na nossa vida interior ou na tarefa apostólica.

Ele, "perfectus Deus, perfectus homo", perfeito Deus e perfeito homem, que tinha toda a felicidade do Céu, quis experimentar a fadiga e o cansaço, o pranto e a dor…, para que percebermos que para ser sobrenaturais temos de ser muito humanos.

Vês claramente que Jesus te pede oração…

E, no entanto, que falta de correspondência! Tudo te custa muito: és como a criança que tem preguiça de aprender a andar. Mas no teu caso não é só preguiça. É também medo, falta de generosidade.

Repete com frequência: - Jesus, se alguma vez se insinuar na minha alma a dúvida entre seguir o que Tu me pedes ou outras ambições nobres, digo--te desde agora que prefiro o teu caminho, custe o que custar. Não me deixes!

Procura a união com Deus e enche-te de esperança - virtude segura! -, porque Jesus te iluminará, mesmo na noite mais escura, com a luz da sua misericórdia.

Assim discorria a tua oração: "Pesam-me as minhas misérias, mas não me angustiam porque sou filho de Deus. Expiar. Amar… E - acrescentavas - desejo servir-me da minha debilidade, como S. Paulo, persuadido de que Nosso Senhor não abandona os que confiam nele".

- Continua assim - confirmei-te - porque, com a graça de Deus, poderás e superarás as tuas misérias e debilidades.

Qualquer momento é propício para fazer um propósito eficaz, para dizer creio, para dizer espero, para dizer amo.

Aprende a louvar o Pai e o Filho e o Espírito Santo. Aprende a ter uma devoção especial à Santíssima Trindade: creio em Deus Pai, creio em Deus Filho, creio em Deus Espírito Santo; espero em Deus Pai, espero em Deus Filho, espero em Deus Espírito Santo; amo a Deus Pai, amo a Deus Filho, amo a Deus Espírito Santo. Creio, espero e amo a Trindade Santíssima.

Faz falta esta devoção como um exercício sobrenatural da alma, que se traduz em actos do coração, mesmo que nem sempre se verta em palavras.

O sistema, o método, o processo, a única maneira de termos vida - abundante e fecunda em frutos sobrenaturais - é seguir o conselho do Espírito Santo, que nos chega através dos Actos dos Apóstolos: "omnes erant perseverantes unanimiter in oratione", todos perseveravam unanimemente na oração.

Sem oração, nada!

O meu Senhor Jesus tem um Coração mais sensível que todos os corações de todos os homens bons juntos. Se um homem bom (medianamente bom) sabe que uma determinada pessoa lhe quer bem, sem esperar nenhuma recompensa ou prémio (ama por amar); e conhece também que essa pessoa só deseja que ele não se oponha a ser amado, mesmo que seja de longe…, não tardará em corresponder a um amor tão desinteressado.

Se o Amado é tão poderoso que tudo pode, estou convencido que, além de acabar por se render ante o amor fiel da criatura (apesar das misérias dessa pobre alma), dará ao amante a beleza, a ciência e o poder sobre-humanos que forem precisos, para que os olhos de Jesus não se manchem, ao fixar-se no pobre coração que o adora.

- Criança, ama: ama e espera.

Se com sacrifício semeias Amor, também colherás Amor.

- Criança, não ardes em desejos de fazer com que todos o amem?

- Jesus-menino, Jesus-adolescente: gosto de ver-te assim, Senhor, porque… me atrevo a mais. Gosto de ver-te pequenino, como que desamparado, para imaginar que tens necessidade de mim.

Sempre que entro no oratório, digo ao Senhor - voltei a ser criança - que ninguém O ama mais do que eu.

Que maravilhosa é a eficácia da Sagrada Eucaristia, na acção - e, antes, no espírito - das pessoas que a recebem com frequência e piedosamente.

Se aqueles homens, por um bocado de pão - mesmo sendo muito grande o milagre da multiplicação -, se entusiasmaram e te aclamaram, que devemos fazer nós pelos muitos dons que nos concedeste e, especialmente, porque te entregas a nós sem reservas na Eucaristia?

- Menino bom: como beijam as flores, a carta, a recordação de quem amam, os amadores da terra!…

- E tu? Poderás esquecer-te alguma vez de que o tens sempre a teu lado… a Ele!? Esqueces-te… de que o podes comer?

Assoma muitas vezes a cabeça ao oratório, para dizeres a Jesus: -… abandono-me nos teus braços.

Deixa a seus pés o que tens: as tuas misérias!

Desta maneira, apesar da turbamulta de coisas que levas dentro de ti, nunca perderás a paz.

Reza confiante com o Salmista: "Senhor, Tu és o meu refúgio e a minha fortaleza, confio em Ti!".

Garanto-te que Ele te preservará das insídias do "demónio meridiano" - nas tentações e… nas quedas! -, quando a idade e as virtudes tinham de ser maduras, quando devias saber de cor que só Ele é a Fortaleza.

Tu pensas que, na vida, se agradece um serviço prestado de má vontade? Evidentemente, não. E até se conclui: seria melhor que o não fizesse.

- E tu achas que podes servir a Deus com má cara? Não! Hás-de servi-lo com alegria, apesar das tuas misérias, que havemos de eliminar com a ajuda divina.

Assaltam-te dúvidas, tentações com aspecto elegante.

Gosto de te ouvir: vê-se que o demónio te considera inimigo, e que a graça de Deus não te desampara. Continua a lutar!

A maior parte dos que têm problemas pessoais, "têm-nos" pelo egoísmo de pensar em si próprios.

Parece que há calma. Mas o inimigo de Deus não dorme…

Também o Coração de Jesus vela! Essa é a minha esperança.

A santidade está na luta, em saber que temos defeitos e em procurar heroicamente evitá-los.

A santidade - insisto - está em superar esses defeitos…, mas morreremos com defeitos: se não, já to disse, seríamos uns soberbos.

- Obrigado, Senhor, porque, ao permitires a tentação, nos dás também a beleza e a fortaleza da tua graça, para sermos vencedores! Obrigado, Senhor, pelas tentações que permites, para sermos humildes!

- Não me abandones, meu Senhor: não vês a que abismo sem fundo iria parar este teu pobre filho?

- Minha Mãe: sou também teu filho.

Não se pode levar uma vida limpa sem a ajuda divina. Deus quer a nossa humildade, quer que lhe peçamos a sua ajuda, através da nossa Mãe e sua Mãe.

Tens que dizer a Nossa Senhora, agora mesmo, na solidão acompanhada do teu coração, falando sem ruído de palavras: - Minha Mãe, este meu pobre coração rebela-se algumas vezes… Mas se Tu me ajudares… E ajudar-te-á, para que o conserves limpo e continues pelo caminho a que Deus te chamou: Nossa Senhora facilitar-te-á sempre o cumprimento da Vontade de Deus.

Para guardar a santa pureza, a limpeza de vida, hás-de amar e praticar a mortificação diária.

Quando sentires o aguilhão da pobre carne que, às vezes, ataca com violência, beija o Crucifixo, beija-o muitas vezes!, com eficácia de vontade, ainda que te pareça que o fazes sem amor.

Põe-te cada dia diante de Nosso Senhor e, como aquele homem necessitado do Evangelho, diz-lhe devagar, com todo o afã do teu coração: "Domine, ut videam!". - Senhor, que veja!; que veja o que Tu esperas de mim e lute para te ser fiel.

- Meu Deus, que fácil é perseverar, sabendo que Tu és o Bom Pastor, e nós - tu e eu… - ovelhas do teu rebanho!

Porque bem nos consta que o Bom Pastor dá a sua vida inteira por cada uma das suas ovelhas.

Hoje, na tua oração, confirmaste-te no propósito de ser santo. Compreendo-te quando acrescentas, concretizando: - Sei que o conseguirei, não porque esteja seguro de mim, Jesus, mas porque… estou seguro de Ti.

Tu, sozinho, sem contar com a graça, não poderás nada de proveito, porque cortaste o caminho das relações com Deus.

Com a graça, pelo contrário, podes tudo.

- Queres aprender com Cristo e seguir o exemplo da sua vida? Abre o Santo Evangelho e escuta o diálogo de Deus com os homens…, contigo.

Jesus bem sabe o que é conveniente…, e eu amo e amarei sempre a sua Vontade. Ele é quem maneja "os cordelinhos" e, se for um meio para o nosso fim, apesar desses homens sem Deus que se empenham em levantar obstáculos, dar-me-á o que lhe peço.

A fé verdadeira descobre-se pela humildade.

"Dicebat enim intra se", dizia aquela pobre mulher dentro de si: "Si tetigero tantum vestimentum eius, salva ero". - Se tocar a orla do seu manto, ficarei curada.

Que humildade a sua, fruto e sinal da sua fé!

Se Deus te dá a carga, Deus te dará a força.

Invoca o Espírito Santo no exame de consciência, para conheceres mais a Deus, para te conheceres a ti próprio e, deste modo, poderes converter-te em cada dia.

Direcção espiritual. Não te oponhas a que revolvam a tua alma, com sentido sobrenatural e com santo atrevimento, para comprovarem até que ponto podes - e queres! - dar glória a Deus.

"Quomodo fiet istud quoniam virum non cognosco?". Como poderá realizar-se este prodígio, se não conheço varão? Pergunta de Maria ao Anjo, que é reflexo do seu Coração sincero.

Olhando para a Virgem Santa, confirmei-me numa norma clara: para ter paz e viver em paz, temos de ser muito sinceros com Deus, com aqueles que dirigem a nossa alma e connosco próprios.

O menino tolo chora e esperneia quando a mãe lhe espeta carinhosamente um alfinete no dedo para tirar o espinho que se enterrou… O menino ajuizado, talvez com os olhos cheios de lágrimas - porque a carne é fraca -, olha agradecido para a mãe boa que o faz sofrer um pouco, para evitar males maiores.

- Jesus, que eu seja menino ajuizado.

- Menino, pobre burrinho: se, com Amor, Nosso Senhor limpou as tuas negras costas, habituadas ao esterco, e te aparelha com arreios de cetim e sobre eles põe jóias deslumbrantes, pobre burrico!, não te esqueças de que "podes", por culpa tua, deitar a magnífica carga ao chão…, mas tu sozinho "não podes" voltar a carregá-la.

Descansa na filiação divina. Deus é um Pai - o teu Pai! - cheio de ternura, de infinito amor.

Chama-lhe Pai muitas vezes e diz-lhe, a sós, que o amas, que o amas muito, muito, que sentes o orgulho e a força de ser seu filho.

A alegria é consequência necessária da filiação divina, de nos sabermos queridos com predilecção pelo nosso Pai Deus que nos acolhe, nos ajuda e nos perdoa.

Lembra-te bem e sempre: mesmo que alguma vez pareça que tudo vem abaixo, nada se desmorona, porque Deus não perde batalhas.

A maior prova de agradecimento a Deus é amar apaixonadamente a nossa condição de seus filhos.

Estás como o pobrezinho que de repente sabe que é filho do Rei! Por isso já só te preocupa na terra a Glória - toda a Glória - do teu Pai Deus.

- Menino amigo, diz: - Jesus, sabendo que te amo e que me amas, nada mais importa: tudo corre bem.

Pedi muitas coisas a Nossa Senhora, afirmavas-me. E corrigias-te: digo mal, expus muitas coisas a Nossa Senhora.

"Tudo posso naquele que me conforta". Com Ele não há possibilidade de fracasso, e desta persuasão nasce o santo "complexo de superioridade" para enfrentar as tarefas com espírito de vencedores, porque Deus nos concede a sua fortaleza.

Ante a tela, com afã de superação, exclamava aquele artista: - Senhor, quero pintar-te trinta e oito corações, trinta e oito anjos rebentando sempre de amor por Ti: trinta e oito maravilhas bordadas no teu céu, trinta e oito sóis no teu manto, trinta e oito chamas, trinta e oito amores, trinta e oito loucuras, trinta e oito alegrias…

Depois, humilde, reconhecia: - Isto é a imaginação e o desejo. A realidade são trinta e oito figuras pouco conseguidas que, mais que dar satisfação, mortificam a vista.

Não podemos ter a pretensão de que os Anjos nos obedeçam… Mas temos a absoluta segurança de que os Santos Anjos nos ouvem sempre.

Deixa-te conduzir por Deus. Levar-te-á pelo "seu caminho", servindo-se de adversidades sem conta…, e até talvez da tua ociosidade, para se ver que a tua tarefa é realizada por Ele.

Pede-lhe sem medo, insiste. Lembra-te da cena que nos relata o Evangelho sobre a multiplicação dos pães. Olha com que magnanimidade corresponde aos Apóstolos: - Quantos pães tendes? Cinco?… Que me pedis?… E Ele dá seis, cem, milhares… Porquê?

- Porque Cristo vê as nossas necessidades com uma sabedoria divina, e com a sua omnipotência pode e chega mais longe que os nossos desejos.

Nosso Senhor vê mais para mais além da nossa pobre lógica e é infinitamente generoso!

Quando se trabalha por Deus, é preciso ter "complexo de superioridade" - fiz-te notar.

- Mas - perguntavas-me - isso não é uma manifestação de soberba?

- Não! É uma consequência da humildade, de uma humildade que me faz dizer: - Senhor, Tu és o que és. Eu sou a negação. Tu tens todas as perfeições: o poder, a fortaleza, o amor, a glória, a sabedoria, o império, a dignidade… Se eu me unir a Ti, como um filho quando se põe nos braços fortes do pai ou no regaço maravilhoso da mãe, sentirei o calor da tua divindade, sentirei as luzes da tua sabedoria, sentirei correr pelo meu sangue a tua fortaleza.

Se tiveres presença de Deus, por cima da tempestade que ensurdece, no teu olhar brilhará sempre o sol; e, por baixo das vagas tumultuosas e devastadoras, reinarão a calma e a serenidade na tua alma.

Para um filho de Deus cada jornada tem de ser uma ocasião para se renovar, com a segurança de que, ajudado pela graça, chegará ao fim do caminho, que é o Amor.

Por isso, vais bem, se começares e recomeçares. Se tiveres moral de vitória, se lutares, com o auxílio de Deus vencerás! Não há dificuldade que não possas superar!

Vai até Belém, aproxima-te do Menino, baila com Ele, diz-lhe muitas coisas vibrantes, aperta-o contra o coração…

Não estou a falar de infantilidades: falo de amor! E o amor manifesta-se com factos: na intimidade da tua alma, bem o podes abraçar!

Recordaremos a Jesus que somos crianças. E as crianças, as crianças pequenitas e simples, muito sofrem para subir um degrau! Aparentemente, estão ali a perder tempo. Por fim, sobem. Agora, outro degrau. Com as mãos e os pés, e com o impulso do corpo todo, conseguem um novo triunfo: outro degrau. E voltam a começar. Que esforços! Já faltam poucos…, mas, então, uma escorregadela… e ei-lo!… por aí abaixo. Toda dorida, num mar de lágrimas, a pobre criança começa, recomeça a subida.

- Assim acontece connosco, Jesus, quando estamos sozinhos. Pega-nos Tu nos teus braços amáveis, como um Amigo grande e bom da criança simples; não nos deixes enquanto não chegarmos lá acima; e então - oh então! -, saberemos corresponder ao teu Amor misericordioso com audácias infantis, dizendo-te, doce Senhor, que, fora de Maria e de José, não houve nem haverá mortal - e houve-os muito loucos - que te queira como te quero eu.

Aconselhei-te a não te importares de fazer pequenas infantilidades: desde que esses actos não sejam rotineiros, não serão estéreis.

Um exemplo: suponhamos que uma alma, que vai pela via da infância espiritual, se sente movida a agasalhar todas as noites, nas horas do sono, uma imagem de madeira da Santíssima Virgem.

O entendimento rebela-se contra semelhante acção, por lhe parecer claramente inútil. Mas a alma pequena, tocada pela graça, vê perfeitamente que uma criança, por amor, actuaria assim.

Então, a vontade viril, que têm todos os que são espiritualmente pequenos, ergue-se, obrigando o entendimento a render-se… E se aquela alma infantil continua todos os dias a aconchegar a imagem de Nossa Senhora, faz também todos os dias uma pequena criancice fecunda aos olhos de Deus.

Quando fores sinceramente criança e seguires por caminhos de infância - se o Senhor te levar por aí -, serás invencível.

Um pedido confiante de filho pequeno: eu gostaria de ter, Senhor, uma compunção como a que tiveram aqueles que mais te souberam agradar.

Deixarás de ser criança, se alguém ou algo se interpuser entre ti e Deus.

Não devo pedir nada a Jesus: limitar-me-ei a agradar-lhe em tudo e a contar-lhe as coisas, como se ele não as soubesse, da mesma maneira que um menino pequeno faz com o seu pai.

Menino, diz a Jesus: não me conformo com menos que Contigo.

Que coisas mais pueris dizes ao teu Senhor na tua oração de infância espiritual! Com a confiança de um menino que fala ao Grande Amigo, de cujo amor tem a certeza, confias-lhe: - Que eu viva só para a tua Glória!

Recordas e reconheces lealmente que fazes tudo mal: Isso, meu Jesus - acrescentas -, não te pode chamar a atenção: é impossível que eu faça alguma coisa bem feita. Ajuda-me Tu, fá-lo Tu por mim e verás como tudo corre bem.

A seguir, audazmente e sem te apartares da verdade, continuas: Empapa-me, embebeda-me com o teu Espírito e assim farei a Tua Vontade. Quero fazê-la. Se não a faço…, é porque não me ajudas. Mas, oh se me ajudas!

Hás-de sentir a necessidade urgente de te veres pequeno, desprovido de tudo, débil. Então lançar-te-ás no regaço da nossa Mãe do Céu, com jaculatórias, com olhares de afecto, com práticas de piedade mariana… que estão no âmago do teu espírito filial.

Ela proteger-te-á.

Aconteça o que acontecer, persevera no teu caminho; persevera, alegre e optimista, porque Nosso Senhor empenha-se em varrer todos os obstáculos.

- Ouve-me bem: tenho a certeza de que, se lutares, serás santo!

Quando Nosso Senhor os chamou, os primeiros Apóstolos estavam junto do barco velho e junto das redes rotas, remendando-as. O Senhor disse-lhes para o seguirem: e eles "statim", imediatamente, "relictis omnibus", abandonando todas as coisas, tudo!, seguiram-no…

E acontece algumas vezes que nós, que desejamos imitá-los, não acabamos por abandonar tudo e fica-nos um apego no coração, um erro na nossa vida, que não queremos cortar para o oferecer ao Senhor.

- Examina o teu coração bem a fundo? Não há-de ficar lá nada que não seja dele; se não, não o amamos bem, nem tu nem eu…

Apresenta a Nosso Senhor, com sinceridade e constantemente, os teus desejos de santidade e de apostolado…, e então não se quebrará o pobre vaso da tua alma; ou, se se partir, recompor-se-á com nova graça, e continuará a servir para a tua própria santidade e para o apostolado.

A tua oração há-de ser a do filho de Deus; não a dos hipócritas que hão-de ouvir de Jesus aquelas palavras: "Nem todo o que diz Senhor!, Senhor!, entrará no Reino dos Céus".

A tua oração, o teu clamar "Senhor!, Senhor!" há-de ir unido, de mil formas diferentes ao longo do dia, ao desejo e ao esforço eficaz por cumprir a Vontade de Deus.

Menino, diz-lhe: Ó Jesus, eu não quero que o demónio se apodere das almas!

Se foste escolhido, chamado pelo Amor de Deus para o seguir, tens obrigação de corresponder … e tens também o dever, não menos forte, de conduzir, de contribuir para a santidade e o bom caminhar dos homens teus irmãos.

Ânimo!…, também quando o caminho se torna duro. Não te dá alegria que a fidelidade aos teus compromissos de cristão dependa em boa parte de ti?

Enche-te de gozo e renova livremente a tua decisão: - Senhor, eu também quero, conta com a minha pequenez.

Deus não te arranca do teu ambiente, não te tira do mundo, nem do teu estado, nem das tuas ambições humanas nobres, nem do teu trabalho profissional… mas, aí, quer-te santo!

Com a testa encostada ao chão e na presença de Deus, considera (porque é assim) que és uma coisa mais suja e desprezível que o lixo varrido pela vassoura.

E, apesar de tudo, Nosso Senhor escolheu-te.

Quando te decidirás?!…

Muitos, à tua volta, levam uma vida sacrificada por um motivo simplesmente humano; essas pobres criaturas não se lembram que são filhos de Deus e conduzem-se assim talvez apenas por soberba, para se destacarem, para conseguirem uma vida futura mais cómoda: abstêm-se de tudo!

- E tu, que tens o doce peso da Igreja, dos teus, dos teus colegas e amigos, motivos pelos quais vale a pena gastar-se, que fazes?, com que sentido de responsabilidade reages?

- Ó Senhor! Porque me procuraste a mim - que sou a negação -, havendo tantos santos, sábios, ricos e cheios de prestígio?

- Tens razão…, precisamente por isso, agradece-o com obras e com amor.

- Jesus, que na tua Igreja Santa perseverem todos no caminho, seguindo a sua vocação cristã, como os Magos seguiram a estrela: desprezando os conselhos de Herodes…, que não lhes faltarão.

Peçamos a Jesus Cristo que o fruto da sua Redenção cresça abundante nas almas: ainda mais, mais, mais abundante!, divinamente abundante!

E, para isso, que nos faça bons filhos da sua Mãe bendita.

Queres um segredo para ser feliz?: Dá-te e serve os outros, sem esperar que te agradeçam.

Se actuares - viveres e trabalhares - face a Deus, por razões de amor e de serviço, com alma sacerdotal, ainda que não sejas sacerdote, toda a tua acção adquire um genuíno sentido sobrenatural, que mantém a tua vida inteira unida à fonte de todas as graças.

Ante o imenso panorama de almas que nos espera, ante essa preciosa e tremenda responsabilidade, talvez te ocorra pensar o mesmo que eu às vezes penso:

- É comigo todo esse trabalho? Comigo que sou tão pouca coisa?

Temos de abrir então o Evangelho e contemplar como Jesus cura o cego de nascença: com barro feito de pó da terra e de saliva. E esse é o colírio que dá luz a uns olhos cegos!

Isso somos tu e eu. Com o conhecimento da nossa fraqueza, do nosso nenhum valor, mas - com a graça de Deus e a nossa boa vontade - somos colírio!, para iluminar, para emprestar a nossa fortaleza aos outros e a nós próprios.

Dizia-lhe uma alma apostólica: Jesus, vê o que fazes…, eu não trabalho para mim…

Se perseverares na oração com "perseverança pessoal", Deus Nosso Senhor dar-te-á os meios de que necessitares, para seres mais eficaz e para estenderes o seu reinado no mundo.

- Mas é necessário que permaneças fiel: pede, pede, pede… Achas que te comportas assim?

O Senhor quer os seus filhos por todos os caminhos honestos da terra, lançando a semente da compreensão, do perdão, da convivência, da caridade, da paz.

- O que é que tu fazes?

A Redenção está a fazer-se, ainda neste momento…, e tu és - hás-de ser! - co-redentor.

Ser cristão no mundo não significa isolar-se, pelo contrário! Significa amar toda a gente e desejar inflamá-la com o fogo do amor a Deus.

- Senhora, Mãe de Deus e minha Mãe, de nenhuma maneira quero que deixes de ser a Dona e Imperatriz de toda a criação.

Referências da Sagrada Escritura
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