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Intimidade com Jesus Cristo no Pão e na Palavra

Se soubermos contemplar o mistério de Cristo, se nos esforçarmos por vê-lo com olhos limpos, aperceber-nos-emos que também agora é possível aproximar-nos intimamente de Jesus, em corpo e alma. Cristo assinalou-nos claramente o caminho: pelo Pão e pela Palavra, alimentando-nos com a Eucaristia e conhecendo e cumprindo o que veio ensinar-nos, ao mesmo tempo que conversamos com Ele na oração. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele. Aquele que conhece os meus mandamentos e os guarda, esse é que me ama; e aquele que me ama será amado por meu Pai, e eu o amarei e me manifestarei a ele.

Não são meras promessas. São oque há de mais profundo, a realidade de uma vida autêntica: a vida da graça, que nos leva a relacionar-nos íntima, pessoal e directamente com Deus. Se observardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor, como eu observei os preceitos do meu Pai, e permaneço no seu amor. Esta afirmação de Jesus, no discurso da última ceia, é o melhor preâmbulo para o dia da Ascensão. Cristo sabia que era preciso ir-se embora, porque, dum modo misterioso que nunca conseguiremos compreender, depois da Ascensão iria chegar - numa nova efusão do Amor divino - a Terceira Pessoa da Santíssima Trindade: mas eu digo-vos a verdade: a vós convém que eu vá, porque se eu não for, não virá a vós o Paráclito; mas, se for, eu vo-lo enviarei.

Foi-se embora e enviou-nos oEspírito Santo, que rege e santifica a nossa alma. Ao actuar em nós, oParáclito confirma o que Cristo nos anunciava: que somos filhos de Deus; que não recebemos o espírito de escravidão para actuarmos ainda com temor, mas recebemos o espírito de adopção de filhos, mercê do qual clamamos, dizendo: Abba, Pai!

Compreendeis? É a acção trinitária nas nossas almas. Todo o cristão tem acesso a esta inabitação de Deus no mais íntimo do seu ser, se corresponde à graça que nos leva a unir-nos com Cristo no Pão e na Palavra, na Sagrada Hóstia e na oração. A Igreja põe à nossa consideração diariamente a realidade do Pão vivo e dedica-lhe duas grandes festas do ano litúrgico: a da Quinta-Feira Santa e a do Corpo de Deus. Neste dia da Ascensão, vamos deter-nos na forma de conviver e de nos relacionarmos com Jesus, escutando atentamente a sua Palavra.

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