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Não somos nós que construímos a caridade; é ela que nos invade com a graça de Deus: porque Ele nos amou primeiro. Convém que nos empapemos bem desta verdade formosíssima: se podemos amar a Deus é porque fomos amados por Deus. Tu e eu estamos em condições de derramar carinho sobre os que nos rodeiam, porque nascemos para a fé pelo amor do Pai. Pedi com ousadia ao Senhor este tesouro, esta virtude sobrenatural da caridade, para a exercitardes até ao último pormenor.

Nós, os cristãos, não temos sabido muitas vezes corresponder a esse dom; algumas vezes temo-lo rebaixado como se se limitasse a uma esmola dada sem alma, friamente; outras vezes temo-lo reduzido a uma atitude de beneficência mais ou menos convencional. Exprimia bem esta aberração a queixa resignada de uma doente: Aqui, tratam-me com caridade, mas a minha mãe cuidava de mim com carinho. O amor que nasce do Coração de Cristo não pode dar lugar a este tipo de distinções.

Para que, de uma forma gráfica, esta verdade ficasse bem gravada na vossa mente, preguei milhares de vezes que nós não temos um coração para amar a Deus e outro para amar as criaturas. Este nosso pobre coração feito de carne, ama com um carinho humano, que, se está unido ao amor de Cristo, também é amor sobrenatural. Essa, e não outra, é a caridade que temos de cultivar na alma, a qual nos levará a descobrir nos outros a imagem de Nosso Senhor.

Referências da Sagrada Escritura
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