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A Fé de Bartimeu

É S. Marcos quem nos conta, desta vez, a cura doutro cego. Ao sair de Jericó, Ele com os seus discípulos e grande multidão, Bartimeu, o cego, filho de Timeu, estava sentado junto do caminho a pedir esmola. Ouvindo aquele grande vozear das pessoas, o cego perguntou: o que é isto? Responderam-lhe: é Jesus de Nazaré. Então inflamou-se-lhe tanto a alma na fé em Cristo, que gritou: Jesus, Filho de David, tem piedade de mim.

Não te dá vontade de gritar, a ti que também estás parado na berma do caminho, desse caminho da vida que é tão curta; a ti, a quem faltam luzes; a ti, que necessitas de mais graça para te decidires a procurar a santidade? Não sentes urgência em clamar: Jesus, Filho de David, tem piedade de mim? Que bela jaculatória para repetires com frequência!

Aconselho-vos a meditar com vagar sobre as circunstâncias que precedem o prodígio, a fim de que conserveis bem gravada na vossa mente uma ideia muito nítida: como os nossos pobres corações são diferentes do Coração misericordioso de Jesus! Isto ser-vos-á sempre muito útil, de modo especial na hora da prova, da tentação, e também na hora da resposta generosa nos pequenos afazeres do dia-a-dia ou nas ocasiões heróicas.

Muitos repreendiam-no para o fazer calar. Tal como a ti, quando suspeitaste de que Jesus passava a teu lado. Acelerou-se o bater do teu coração e começaste também a clamar, movido por uma íntima inquietação. E amigos, costumes, comodidade, ambiente, todos te aconselharam: cala-te, não grites! Porque é que hás-de chamar por Jesus? Não o incomodes!

Mas o pobre Bartimeu não os ouvia e continuava ainda com mais força: Filho de David,tem piedade de mim. O Senhor, que o ouviu desde o começo, deixou-o perseverar na sua oração. Contigo, procede da mesma maneira. Jesus apercebe-se do primeiro apelo da nossa alma, mas espera. Quer que nos convençamos de que precisamos dele; quer que lhe roguemos, que sejamos teimosos, como aquele cego que estava à beira do caminho, à saída de Jericó. Imitemo-lo. Ainda que Deus não nos conceda imediatamente o que lhe pedimos e, apesar de muitos procurarem afastar-nos da oração, não cessemos de lhe implorar.

Referências da Sagrada Escritura
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