Lista de pontos
Chegar ao cume? Para uma alma entregue, tudo se converte em cume a alcançar; todos os dias descobre novas metas, porque não sabe nem quer pôr limites ao Amor de Deus.
Propósito sincero: tornar amável e fácil o caminho aos outros, que já bastantes amarguras a vida traz consigo.
Tudo o que agora te preocupa cabe dentro de um sorriso, esboçado por amor de Deus.
Abordou-me aquele amigo: - "Disseram- -me que estás apaixonado!". Fiquei deveras surpreendido, e só me ocorreu perguntar-lhe pela origem da notícia.
Confessou-me que o lia nos meus olhos, que brilhavam de alegria.
Não o trataste mal fisicamente… Mas ignoraste-o tantas vezes! Olhaste para ele com indiferença, como um estranho.
Parece-te pouco?
Não passes indiferente ante a dor alheia. Essa pessoa - um parente, um amigo, um colega, esse que não conheces… - é teu irmão.
Lembra-te do que relata o Evangelho, e que tantas vezes leste com pena: nem sequer os parentes de Jesus se fiavam d'Ele! - Procura que não se repita a cena.
"Todos os dias descubro coisas novas em mim", dizes-me… E eu respondo-te: agora começas a conhecer-te.
Quando realmente se ama, sempre se encontram pormenores para amar ainda mais.
Perante a desgraça ou o erro, é uma pobre satisfação poder dizer: "Eu já o tinha previsto!".
Significaria que não te importava a desgraça alheia; porque a devias ter remediado, se isso estava na tua mão.
As "coisas de Deus" conseguem-se compreender mais com o Amor do que com o estudo.
Por isso, hás-de trabalhar, hás-de estudar, hás--de aceitar a doença, hás-de ser sóbrio… amando!
Os namorados não sabem dizer adeus; acompanham-se sempre.
Tu e eu amamos assim o Senhor?
Não vês como, para agradarem e parecerem bem, cuidam de si os que se amam?… Pois assim deves cuidar e adornar a tua alma.
Não vês como muitos dos teus colegas sabem demonstrar grande delicadeza e sensibilidade no trato com as pessoas que amam: a namorada, a mulher, os filhos, a família?…
Diz-lhes (e exige-o a ti mesmo!) que o Senhor não merece menos. Que O tratem assim! E recomenda-lhes, além disso, que continuem com essa delicadeza e sensibilidade, mas vividas com Ele e por Ele; e alcançarão uma felicidade nunca sonhada, mesmo já aqui na Terra.
Arrancar de raiz o amor próprio e pôr em seu lugar o amor a Jesus Cristo: nisto reside o segredo da eficácia e da felicidade.
Enquanto continuares persuadido de que os outros devem viver sempre pendentes de ti; enquanto não te decidires a servir, a ocultar-te e desaparecer; a relação com os teus irmãos, com os teus colegas, com os teus amigos, será fonte contínua de desgostos, de mau humor… - de soberba.
Quando te custar fazer um favor, prestar um serviço a uma pessoa, pensa que é filha de Deus; lembra-te de que o Senhor nos mandou amar-nos uns aos outros.
Mais ainda: aprofunda quotidianamente neste preceito evangélico; não fiques na superfície. Tira as consequências - é muito fácil - e adapta a tua conduta de cada instante a essas exigências.
"Vive-se de modo tão precipitado, que a caridade cristã passou a ser um fenómeno raro neste nosso mundo, embora - ao menos nominalmente - se pregue Cristo…".
Concedo. Mas que fazes tu, que, como católico, deves identificar-te com Ele e seguir os seus passos? Ele ordenou-nos que fôssemos ensinar a sua doutrina a toda a gente - a toda! - e em todos os tempos.
Pensa bem nisto, e age em conformidade: essas pessoas, que te acham antipático, deixarão de pensar assim quando repararem que as amas deveras. Depende de ti.
Primeiro, maltratas… E depois, antes de alguém reagir, gritas: - "Agora, caridade entre nós todos!".
Se começasses pela segunda parte, nunca chegarias à primeira.
Não sejas semeador de cizânia, como aquele de quem a sua própria mãe afirmava: - "Apresente-lhe os seus amigos, que ele se encarregará de que esses seus amigos briguem consigo".
Ao ver a alegria com que se enfrentava um trabalho duro, perguntou aquele amigo: - "Mas fazem tudo isto por entusiasmo?". E responderam-lhe com alegria e com serenidade: - "Por entusiasmo?… Estávamos bem arranjados! “Per Dominum Nostrum Iesum Christum!”, por Nosso Senhor Jesus Cristo! - que nos espera continuamente".
Assim resumia os ciúmes ou a inveja um homem recto: - "Muita má vontade devem ter para turvarem uma água tão clara!".
Grita-lhe com força, porque esse grito é loucura de apaixonado: - "Senhor, embora eu te ame… não te fies de mim! Ata-me a Ti, cada dia mais!".
Evita com delicadeza tudo o que possa ferir o coração dos outros.
Porque é que, entre dez maneiras de dizer que "não", hás-de escolher sempre a mais antipática? A virtude não deseja ferir.
A frequência com que visitamos o Senhor está em função de dois factores: fé e coração; ver a verdade, e amá-la.
O Amor também se robustece com negação e mortificação.
Se tivesses um coração grande e um pouco mais de sinceridade, não te entretinhas a mortificar os outros, nem te sentirias mortificado… por ninharias.
"Os pobres - dizia aquele amigo nosso - são o meu melhor livro espiritual e o motivo principal das minhas orações. Dói-me a sua dor, e dói--me o sofrimento de Cristo neles. E, porque me dói, compreendo que O amo e que os amo".
Esta situação queima-te: Cristo aproximou--se de ti, quando tu não eras senão um miserável leproso! Até então só cultivavas uma qualidade boa: um generoso interesse pelos outros. Depois desse encontro, alcançaste a graça de ver Jesus neles, apaixonaste-te por Ele, e agora ama-Lo neles… e parece-te pouca coisa (tens razão!) o altruísmo que antes te impelia a prestar serviços ao próximo.
A táctica do tirano é conseguir que lutem entre si aqueles que, unidos, poderiam fazê-lo cair. Velha artimanha usada pelo inimigo - pelo diabo e pelos seus corifeus -, para desbaratar muitos planos apostólicos.
O pensamento da morte ajudar-te-á a cultivar a virtude da caridade, porque talvez esse instante concreto de convivência seja o último em que estás com este ou com aquele… Eles, ou tu, ou eu, podemos faltar em qualquer momento.
Aprende a dizer que não, sem magoar desnecessariamente, sem recorrer à recusa cortante, que fere a caridade.
Lembra-te de que estás sempre diante de Deus!
Murmuram. E depois eles próprios se encarregam de que alguém venha depressa contar-te… "o que se diz". É uma vileza? Sem dúvida. Mas não percas a paz, já que a sua língua nenhum dano te pode causar, se trabalhares com rectidão. Pensa: que tontos são; que pouco tacto humano têm; que falta de lealdade com os seus irmãos… e especialmente com Deus!
E não me caias tu na murmuração, por um direito de resposta mal compreendido. Se tiveres de falar, serve-te da correcção fraterna, como aconselha o Evangelho.
Que essas contradições, esses falatórios, não te preocupem. Trabalhamos, sem dúvida, numa actividade divina, mas somos homens… E é lógico que, ao andar, levantemos o pó do caminho.
Isso que te incomoda, que te fere… aproveita-o para a tua purificação e, se for necessário, para rectificar.
Apresentas-te como um teórico formidável… Mas não cedes sequer em minúcias insignificantes! Não creio nesse teu espírito de mortificação!
Cuidar das coisas pequenas constitui uma mortificação constante, caminho para tornar a vida mais agradável aos outros.
Documento impresso de https://escriva.org/pt-pt/book-subject/surco/31564/ (09/05/2024)