Lista de pontos
Se a imaginação fervilha à volta de ti mesmo, cria situações ilusórias, composições de lugar que ordinariamente não encaixam no teu caminho, te distraem tolamente, te esfriam e te afastam da presença de Deus. - Vaidade…
Se a imaginação é acerca dos outros, facilmente cais no defeito de julgar (quando não tens essa missão) e interpretas de modo rasteiro e pouco objectivo o seu comportamento. - Juízos temerários…
Se a imaginação esvoaça sobre os teus próprios talentos e modos de dizer, ou sobre o clima de admiração que despertas nos outros, expões-te a perder a rectidão de intenção, e a alimentar a soberba.
Geralmente, soltar a imaginação é uma perda de tempo, mas, além disso, quando não se domina, abre passo a um filão de tentações voluntárias.
- Não abandones nenhum dia a mortificação interior!
Na tua vida há duas peças que não encaixam bem: a cabeça e o sentimento.
A inteligência - iluminada pela fé - mostra-te claramente, não só o caminho, mas também a diferença entre a maneira heróica e a maneira estúpida de o percorrer. Sobretudo põe diante de ti a grandeza e a formosura divina dos empreendimentos que a Trindade coloca nas nossas mãos.
O sentimento, pelo contrário, apega-se a tudo o que desprezas, inclusivamente enquanto o consideras desprezível. Parece que mil e uma bagatelas estão à espera de qualquer oportunidade, e logo que - por cansaço físico ou por perda de visão sobrenatural - a tua pobre vontade enfraquece, essas ninharias levantam-se e agitam-se na tua imaginação, até formarem uma montanha que te esmaga e te desalenta: as asperezas do trabalho; a resistência a obedecer; a falta de meios; os fogos de artifício de uma vida regalada; pequenas e grandes tentações repugnantes; vergastadas de sentimentalismo; a fadiga; o sabor amargo da mediocridade espiritual… E, às vezes, também o medo - o medo, porque sabes que Deus te quer santo e não o és.
Permite-me que te fale com crueza: sobram-te "motivos" para voltar a cara, e falta-te arrojo para corresponder à graça que Ele te concede, porque te chamou a ser outro Cristo, "ipse Christus!" - o próprio Cristo! E esqueceste-te da admoestação do Senhor ao Apóstolo: "Basta-te a minha graça!", que é uma confirmação de que, se quiseres, podes.
Recupera o tempo que perdeste descansando sobre os louros da complacência em ti mesmo, ao julgares-te uma boa pessoa, como se fosse suficiente ir andando, sem roubar nem matar.
Estuga o passo na piedade e no trabalho: fica-te ainda tanto por andar! Convive amavelmente com todos, também com os que te incomodam; e esforça-te por amar - por servir! - aqueles que antes desprezavas.
Documento impresso de https://escriva.org/pt-pt/book-subject/surco/31121/ (08/05/2024)