Lista de pontos
Não me falta a verdadeira alegria, pelo contrário… E, contudo, ante o conhecimento da própria baixeza, é lógico clamar com S. Paulo: "Que homem tão infeliz sou!".
Assim crescem as ânsias de arrancar de raiz a barreira que o próprio eu levanta.
Vives contente, muito feliz, ainda que em certas alturas notes o arranhão da tristeza e, inclusivamente, palpes quase habitualmente um sedimento real de pesar.
Essa alegria e essa angústia podem coexistir, cada uma no seu "homem": aquela, no novo; a outra, no velho.
O primeiro passo para aproximar outros dos caminhos de Cristo é que te vejam contente, feliz, seguro no teu andar para Deus.
Se não mostrares - com a tua oração, com o teu sacrifício, com a tua acção - uma constante preocupação de apostolado, é sinal evidente de que te falta felicidade e de que tem de aumentar a tua fidelidade.
Quem tem a felicidade, o bem, procura dá-lo aos outros.
Cada vez estou mais persuadido: a felicidade do Céu é para os que sabem ser felizes na terra.
Vejo com meridiana clareza a fórmula, o segredo da felicidade terrena e eterna: não se conformar apenas com a Vontade de Deus, mas aderir, identificar-se, querer - numa palavra -, com um acto positivo da nossa vontade, a Vontade divina.
- Este é o segredo infalível, insisto, da alegria e da paz.
Como me regozijou a epístola daquele dia! O Espírito Santo, por S. Paulo, ensina-nos o segredo da imortalidade e da Glória. Todos os homens sentem ânsias de perdurar.
Queríamos eternizar os instantes da nossa vida, que reputamos felizes. Queríamos glorificar a nossa memória… Queríamos a imortalidade para os nossos ideais. Por isso, nos momentos de aparente felicidade, ao ter algo que consola o nosso desamparo, todos, naturalmente, dizemos e desejamos: para sempre, para sempre…
Que sabedoria a do demónio! Que bem conhecia o coração humano! "Sereis como deuses", disse aos primeiros pais. Aquilo foi um engano cruel. S. Paulo, nessa epístola aos Filipenses, ensina um divino segredo para ter a imortalidade e a Glória: Jesus aniquilou-se, tomando forma de servo… Humilhou-se a si mesmo fazendo-se obediente até à morte e morte de Cruz. Pelo que Deus o exaltou e lhe deu um nome que está por cima de todo o nome: para que ao nome de Jesus se ajoelhem todos, nos céus e na terra e nos infernos…
Ajuda-me a repetir ao ouvido daquele e do outro… e de todos: o pecador que tiver fé, ainda que consiga todas as bem-aventuranças da terra, necessariamente é infeliz e desgraçado.
É verdade que o motivo que nos há-de levar a odiar o pecado, mesmo o venial, o que deve mover a todos, é sobrenatural: Deus aborrece-o com toda a sua infinitude, com ódio sumo, eterno e necessário, como mal oposto ao infinito bem…; mas a primeira consideração que te apontei, pode conduzir-nos a esta última.
Documento impresso de https://escriva.org/pt-pt/book-subject/forja/30951/ (08/05/2024)