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Há 3 pontos em «Amigos de Deus» cujo tema é Oração → o exemplo de Jesus.

Voltemos os nossos olhos para Jesus Cristo, que é o nosso modelo, o espelho em que nos devemos olhar. Como se comporta, mesmo exteriormente, nas grandes ocasiões? Que nos diz d'Ele o Santo Evangelho? Comove-me essa disposição habitual de Cristo, que recorre ao Pai antes dos grandes milagres e o seu exemplo, ao retirar-se quarenta dias e quarenta noites para o deserto, antes de iniciar a sua vida pública, para rezar.

É muito importante - perdoai a minha insistência - observar os passos do Messias, porque Ele veio mostrar-nos o caminho que nos leva ao Pai: descobriremos, com ele, como se pode dar relevo sobrenatural às actividades aparentemente mais pequenas; aprenderemos a viver cada instante com vibração de eternidade e compreenderemos com maior profundidade que a criatura precisa desses tempos de conversa íntima com Deus, para privar com Ele na sua intimidade, para invocá-lo, para ouvi-lo ou, simplesmente, para estar com Ele.

Há já muitos anos, considerando este modo de proceder do meu Senhor, cheguei à conclusão de que o apostolado, seja ele de que tipo for, consiste numa superabundância da vida interior. Por isso me parece tão natural, e tão sobrenatural, essa passagem em que se relata como Cristo decidiu escolher definitivamente os primeiros doze. Conta S. Lucas que, antes, tinha passado toda a noite em oração. Vede-o também em Betânia. Quando se dispõe a ressuscitar Lázaro, depois de ter chorado pelo amigo, levanta os olhos ao céu e exclama: Pai, dou-te graças porque me tens ouvido. Este foi o seu ensinamento preciso: se queremos ajudar os outros, se pretendemos sinceramente animá-los a descobrir o autêntico sentido do seu destino na terra, é preciso que nos fundamentemos na oração.

São tantas as cenas em que Jesus Cristo fala com o seu Pai, que se torna quase impossível determo-nos em todas. Mas penso que não podemos deixar de considerar as horas, tão intensas, que precederam a sua Paixão e Morte, quando se prepara para consumar o Sacrifício que nos reconduzirá ao Amor Divino. Na intimidade do Cenáculo o seu Coração transborda, dirige-se suplicante ao Pai, anuncia a vinda do Espírito Santo, anima os seus a um contínuo fervor de caridade e de fé.

Esse fervoroso recolhimento do Redentor continua em Getsemani, quando se apercebe de que já está iminente a Paixão, com as humilhações e as dores que se aproximam, essa Cruz dura, onde suspendem os malfeitores e que Ele desejou ardentemente. Pai, se é do teu agrado, afasta de mim este cálice. E logo a seguir: não se faça, contudo, a minha vontade, mas a tua. Mais tarde, pregado ao madeiro, só, com os braços estendidos num gesto de sacerdote eterno, continua a manter o mesmo diálogo com o seu Pai: nas tuas mãos encomendo o meu espírito.

Além disso, seria bom que pensásseis que ninguém escapa ao mimetismo. Os homens, até inconscientemente, movem-se num contínuo afã de se imitarem uns aos outros. E nós, abandonaremos o convite para imitar Jesus? Cada indivíduo esforça-se por se identificar, pouco a pouco, com aquilo que o atrai, com o modelo que escolheu para a sua própria maneira de ser. De acordo com o ideal que cada um forja para si mesmo, assim resulta o seu modo de proceder. O nosso Mestre é Jesus Cristo: o Filho de Deus, a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade. Imitando a Cristo, alcançamos a maravilhosa possibilidade de participar nessa corrente de amor, que é o mistério de Deus Uno e Trino.

Se em certas ocasiões não vos sentis com forças para seguir as pisadas de Jesus Cristo, conversai, como entre amigos, com aqueles que o conheceram enquanto permaneceu nesta nossa terra. Em primeiro lugar, com Maria, que o trouxe para nós. Com os Apóstolos. Vários gentios aproximaram-se de Filipe, que era de Betsaida da Galileia, e fizeram-lhe este pedido, dizendo: desejamos ver Jesus. Foi Filipe e disse-o a André; André e Filipe disseram-no a Jesus. Não é verdade que isto nos anima? Aqueles estrangeiros não se atrevem a apresentar-se ao Mestre e procuram um bom intercessor.

Referências da Sagrada Escritura
Referências da Sagrada Escritura