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Há 5 pontos em «Amigos de Deus» cujo tema é Espírito Santo  → dons e vida sobrenatural.

Esta sabedoria do coração, esta prudência nunca se converterá na prudência da carne a que se refere S. Paulo: a daqueles que têm inteligência, mas procuram não a utilizar para descobrir e amar Nosso Senhor. A verdadeira prudência é a que permanece atenta às insinuações de Deus e, em vigilante escuta, recebe na alma promessas e realidades de salvação: Eu te glorifico, Pai, Senhor do Céu e da Terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e prudentes e as revelastes aos pequeninos .

Sabedoria do coração que orienta e rege muitas outras virtudes. Pela prudência o homem é audaz, sem insensatez; não evita, por ocultas razões de comodismo, o esforço necessário para viver plenamente segundo os desígnios de Deus. A temperança do prudente não é insensibilidade nem misantropia; a sua justiça não é dureza; a sua paciência não é servilismo.

Se o cristão luta por adquirir estas virtudes, a alma dispõe-se a receber com eficácia a graça do Espírito Santo: e as qualidades humanas boas ficam reforçadas com as moções do Paráclito na alma. A Terceira Pessoa da Santíssima Trindade - doce hóspede da alma - oferece os seus dons: dom de sabedoria, de entendimento, de conselho, de fortaleza, de ciência, de piedade, de temor de Deus .

Sente-se então o gozo e a paz , a paz gozosa, o júbilo interior com a virtude humana da alegria. Quando pensamos que tudo se afunda sob os nossos olhos, nada se afunda, porque Tu és, Senhor, a minha fortaleza . Se Deus mora na nossa alma, tudo o resto, por mais importante que pareça, é acidental, transitório; em contrapartida, nós, em Deus, somos o permanente.

O Espírito Santo, com o dom da piedade, ajuda-nos a considerarmo-nos, com certeza, filhos de Deus. E se somos filhos de Deus, por que havemos de estar tristes? A tristeza é a escória do egoísmo. Se queremos viver para Nosso Senhor, não nos faltará a alegria, mesmo que descubramos os nossos erros e as nossas misérias. A alegria entra na vida de oração de tal maneira que, a certa altura, não poderemos deixar de cantar: porque amamos, e cantar é próprio de apaixonados.

Nunca me cansei e, com a graça de Deus, nunca me cansarei de falar de oração. Por volta de 1930, quando se aproximavam de mim, sacerdote jovem, pessoas de todas as condições - universitários, operários, sãos e doentes, ricos e pobres, sacerdotes e leigos - que procuravam acompanhar mais de perto o Senhor, aconselhava-os sempre: rezai. E se algum me respondia: "não sei sequer como começar", recomendava-lhe que se pusesse na presença do Senhor e lhe manifestasse a sua inquietação, a sua dificuldade, com essa mesma queixa: "Senhor, não sei!" E muitas vezes, naquelas humildes confidências, concretizava--se a intimidade com Cristo, um convívio assíduo com Ele.

Passaram muitos anos e não conheço outra receita. Se não te consideras preparado, recorre a Jesus como faziam os seus discípulos: ensina-nos a fazer oração. Comprovarás como o Espírito Santo ajuda a nossa fraqueza, pois que, não sabendo sequer o que havemos de pedir nas nossas orações, nem como é conveniente expressarmo-nos, o mesmo Espírito Santo facilita as nossas súplicas com gemidos inexplicáveis, que não podem contar-se porque não existem modos apropriados para descrever a sua profundidade.

Que firmeza deve produzir em nós a Palavra divina! Não inventei nada, quando - ao longo do meu ministério sacerdotal - repeti e repito incansavelmente esse conselho. Foi recolhido da Escritura Santa, daí o aprendi: Senhor, não sei dirigir-me a Ti! Senhor, ensina-nos a orar! E vem toda a assistência amorosa - luz, fogo, vento impetuoso - do Espírito Santo, que ateia a chama e a torna capaz de provocar incêndios de amor.

A Santíssima Trindade

Tínhamos começado com orações vocais, simples, encantadoras, que aprendemos na nossa meninice e que gostaríamos de não perder jamais. A oração, que começou com essa ingenuidade pueril, desenvolve-se agora em caudal largo, manso e seguro, porque acompanha a nossa amizade com Aquele que afirmou: Eu souo caminho. Se amarmos Cristo assim, se com divino atrevimento nos refugiarmos na abertura que a lança deixou no Seu peito, cumprir-se-á a promessa do Mestre: qualquer que me ame observará a minha doutrina e meu Pai o amará e viremos a ele e nele faremos morada.

O coração sente então a necessidade de distinguir e adorar cada uma das pessoas divinas. De certo modo, é uma descoberta que a alma faz na vida sobrenatural, como as de uma criancinha que vai abrindo os olhos à existência. E entretém-se amorosamente com o Pai e com o Filho e com o Espírito Santo; e submete-se facilmente à actividade do Paráclito vivificador, que se nos entrega sem o merecermos: os dons e as virtudes sobrenaturais!

Corremos como o veado que anseia pelas fontes da água; com sede, a boca gretada pela secura. Queremos beber nesse manancial de água viva. Sem atitudes extravagantes, mergulhamos ao longo do dia nesse caudal abundante e claro de águas frescas que saltam até à vida eterna. As palavras tornam-se supérfluas, porque a língua não consegue expressar-se; o entendimento aquieta-se. Não se discorre, olha-se! E a alma rompe outra vez a cantar um cântico novo, porque se sente e se sabe também olhada amorosamente por Deus a toda a hora.

Não me refiro a situações extraordinárias. São, podem muito bem ser, fenómenos ordinários da nossa alma: uma loucura de amor que, sem espectáculo, sem extravagâncias, nos ensina a sofrer e a viver, porque Deus nos concede a Sabedoria. Que serenidade, que paz então, metidos no caminho estreito que conduz à vida.

Referências da Sagrada Escritura
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