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Vida corrente

Interessa-me afirmar novamente que não me refiro a um modo extraordinário de viver cristãmente. Que cada um de nós medite no que Deus realizou por ele e como tem correspondido. Se formos valentes neste exame pessoal, perceberemos o que ainda nos falta. Ontem comovi-me ao saber de um catecúmeno japonês que ensinava o catecismo a outros que ainda não conheciam Cristo. E envergonhava-me. Precisamos de mais fé, de mais fé! E, com a fé, a contemplação.

Recordem com calma aquela divina advertência, que enche a alma de inquietação e, ao mesmo tempo, Lhe traz sabores de favo de mel: redemi te, et vocavi te nomine tuo: meus estu redimi-te e chamei-te pelo teu nome: és meu! Não roubemos a Deus o que é Seu. Um Deus que nos amou até ao ponto de morrer por nós, que nos escolheu desde toda a eternidade, antes da criação do mundo, para sermos santos na sua presença: e que continuamente nos oferece ocasiões de purificação e de entrega.

Se porventura ainda tivéssemos alguma dúvida, receberíamos outra prova dos Seus lábios: não fostes vós que me escolhestes; fui eu que vos escolhi a vós, para que possais ir longe e dar fruto; e permaneça abundante essefruto dovosso trabalhode almas contemplativas.

Portanto, fé, fé sobrenatural! Quando a fé fraqueja, o homem tende a imaginar Deus como se estivesse longe, sem se preocupar com os seus filhos. Pensa na religião como em algo de justaposto, de exterior à vida, que usa quando não há outro remédio; espera, não se sabe porquê, manifestações aparatosas, acontecimentos insólitos. Quando a fé vibra na alma, descobre-se, pelo contrário, que os passos do cristão não se separam da sua vida humana corrente e habitual. E que esta santidade grande, que Deus nos exige, se encerra aqui e agora, nas pequenas coisas de cada dia.

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