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O sentido cristão autêntico - que professa a ressurreição de toda a carne - sempre combateu, como é lógico, a desencarnação, sem receio de ser julgado materialista. É lícito, portanto, falar de um materialismo cristão, que se opõe audazmente aos materialismos fechados ao espírito.

Que são os sacramentos - vestígios da Encarnação do Verbo, como afirmaram os antigos - senão a mais clara manifestação deste caminho que Deus escolheu para nos santificar e levar para o Céu? Não vedes que cada sacramento é o amor de Deus, com toda a sua força criadora e redentora, que se nos dá servindo-se de meios materiais? O que é esta Eucaristia - já iminente - senão o Corpo e o Sangue adoráveis do nosso Redentor, que Se nos oferece através da humilda matéria deste mundo - vinho e pão - através dos elementos da natureza cultivados pelo homem, como o último Concílio Ecuménico quis recordar? [Cfr. Gaudium et Spes, nº 38]

Compreende-se, meus filhos, que o Apóstolo pudesse escrever: todas as coisas são vossas; vós sois de Cristo e Cristo de Deus [I Cor III 22-23]. Trata-se de um movimento ascendente que o Espírito Santo, difundido nos nossos corações, quer provocar no mundo: da terra até à glória de Nosso Senhor. E para que ficasse claro que nesse movimento se incluía até o que parece mais prosaico, S. Paulo escreveu também: quer comais, quer bebais, fazei tudo para glória de Deus [I Cor X, 31].

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