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Que desencanto para os que viram a luz do pseudo-apóstolo e quiseram sair das suas trevas aproximando-se dessa claridade! Correram para chegar. Talvez deixassem pelo caminho tiras de pele… Alguns, na sua ânsia de luz, abandonaram também retalhos da alma… Já estão junto do pseudo--apóstolo: frio e escuridão. Frio e escuridão que acabarão por encher os corações partidos daqueles que, por um momento, acreditaram no ideal.

Má obra fez o pseudo-apóstolo: esses homens decepcionados, que vieram trocar a carne das suas entranhas por uma brasa ardente, por um pasmoso rubi de caridade, regressam de novo à terra de onde vieram…, baixam com o coração apagado, com um coração que não é coração…, é um pedaço de gelo envolto em trevas que chegarão a enevoar o seu cérebro.

- Falso apóstolo dos paradoxos, essa é a tua obra: porque tens Cristo na tua língua e não nos teus actos; porque atrais com uma luz de que careces; porque não tens calor de caridade e finges preocupar-te com os estranhos ao mesmo tempo que abandonas os teus; porque és mentiroso, e a mentira é filha do diabo… Por isso, trabalhas para o demónio, desconcertas os seguidores do Amo e, ainda que triunfes aqui com frequência, ai de ti, no próximo dia, quando vier a nossa amiga a Morte e vires a ira do Juiz a quem nunca enganaste! - Paradoxos, não, Senhor: paradoxos, nunca.

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