Vitória

Imita a Virgem Santa: só o perfeito reconhecimento do nosso nada pode tornar-nos preciosos aos olhos do Criador.

Estou convencido de que João, o Apóstolo jovem, permanece ao lado de Cristo na Cruz, porque a Mãe o arrasta: tal é o poder do Amor de Nossa Senhora!

Não alcançaremos nunca a autêntica alegria sobrenatural e humana, o "verdadeiro" bom humor, se não imitarmos "de verdade" Jesus; se não formos, como Ele, humildes.

Dar-se sinceramente aos outros é de tal eficácia, que Deus o premeia com uma humildade cheia de alegria.

A humilhação, o aniquilamento, o esconder-se e desaparecer devem ser totais, absolutos.

Humildade sincera: que poderá perturbar quem tem por deleite as injúrias, pois sabe que não merece outro tratamento?

- Meu Jesus: o que é meu é teu, porque o que é teu é meu e o que é meu abandono-o em Ti.

- És capaz de passar por essas humilhações, que Deus te pede, em coisas que não têm importância, que não obscurecem a verdade? Não?: então não amas a virtude da humildade!

A soberba entorpece a caridade. Pede diariamente a Nosso Senhor - para ti e para todos - a virtude da humildade, porque a soberba aumenta com os anos, se não se corrige a tempo.

Pode haver coisa mais antipática do que uma criança a fazer de homem? Que simpatia pode ter diante do seu Deus um pobre homem - uma criança -, a fazer de grande, inchado pela soberba, convencido do seu valor, confiando só em si mesmo?

Com certeza que podes condenar-te. Estás bem convencido, pois no teu coração encontram--se os gérmenes de todas as maldades.

Mas, se te fizeres criança diante de Deus, esta circunstância levar-te-á a unires-te com o teu Pai-Deus e com a tua Mãe Santa Maria. E S. José e o teu Anjo não te desampararão, ao ver-te criança.

Tem fé, faz tudo o que puderes, penitência e Amor!, e Eles hão-de acrescentar o que faltar.

Como custa viver a humildade!, porque - é a sabedoria popular cristã que o afirma - "a soberba morre vinte e quatro horas depois de a pessoa ter morrido".

Portanto, quando - ao contrário do que te diz quem recebeu graça especial de Deus, para orientar a tua alma - pensares que tens razão, convence-te de que não "tens razão nenhuma".

Servir e dar formação às crianças; tratar com carinho dos doentes.

Para se fazer entender pelas almas simples, é preciso humilhar a inteligência; para compreender os pobres doentes, é preciso humilhar o coração. E assim, com o entendimento e com a carne ajoelhados, é fácil chegar a Jesus, pelo caminho seguro da miséria humana, da miséria própria, que leva a aniquilar-se, para deixar que Deus construa sobre o nosso nada.

Propósito: não havendo verdadeira necessidade, nunca hei-de falar das minhas coisas pessoais.

Agradece a Jesus a segurança que te dá! Porque não é teimosia: é luz de Deus, que te faz sentir-te firme, como sobre rocha, enquanto que outros, a quem cabe fazer um triste papel - sendo tão bons -, parecem afundar-se na areia…, falhos do fundamento da fé.

Pede a Nosso Senhor que as exigências da virtude da fé se cumpram na tua vida e na de todos.

- Se eu fosse de outro modo, se dominasse mais o meu génio, se te fosse mais fiel, Senhor, de que admirável maneira nos havias de ajudar-nos!

As ânsias de reparação, que o teu Pai Deus põe na tua alma, ver-se-ão satisfeitas, se unires a tua pobre expiação pessoal aos méritos infinitos de Jesus.

Rectifica a intenção, ama a dor n'Ele, com Ele e por Ele.

Não sabes se progrediste, nem quanto… - De que te serviria esse cálculo?…

O importante é que perseveres, que o teu coração arda em fogo, que veja mais luz e mais horizonte…: que vivas as nossas intenções, que as pressintas - ainda que as não conheças - e que rezes por todas.

Diz-lhe: - Não vejo, Jesus, nem uma flor louçã no meu jardim: todas têm manchas…, parece que todas perderam a cor e o aroma. Pobre de mim! Com a boca no esterco, no chão: assim. Esse é o meu lugar.

Desta maneira - humilhando-te -, Ele vencerá em ti, e alcançarás a vitória.

Compreendi-te bem, quando concluías: - Decididamente quase não chego a burrico…, ao burrinho que foi o trono de Jesus para entrar em Jerusalém: fico a formar parte do montinho vil de trapos sujos, que até o trapeiro mais pobre despreza.

Mas comentei-te: - Contudo Nosso Senhor escolheu-te e quer que sejas seu instrumento. Por isso o facto - real - de te veres tão miserável, tem de converter-se numa razão mais para agradeceres a Deus o seu chamamento.

O canto humilde e gozoso de Maria, no "Magnificat", recorda-nos a infinita generosidade de Nosso Senhor com os que se fazem como crianças, com os que se abaixam e sabem sinceramente que não são nada.

É muito grato a Deus o reconhecimento da sua bondade rezando um "Te Deum" de acção de graças, sempre que há um acontecimento um pouco extraordinário, sem avaliar se é - como o mundo lhe chama - favorável ou adverso: porque vindo das suas mãos de Pai, ainda que o golpe do cinzel fira a carne, é também uma prova de Amor, que tira as nossas arestas para nos aproximarmos da perfeição.

Quando os homens querem realizar algum trabalho, procuram empregar os meios apropriados.

Se eu tivesse vivido há séculos, teria usado uma pena de ave para escrever; agora utilizo uma caneta de tinta permanente.

Pelo contrário, quando Deus deseja realizar alguma obra, escolhe meios desproporcionados, para que se note - quantas vezes mo terás ouvido! - que a obra é sua.

Por isso, tu e eu, que conhecemos o peso enorme das nossas misérias, devemos dizer a Nosso Senhor: mesmo sendo miserável, não deixo de compreender que sou um instrumento divino nas tuas mãos.

Dedicaremos todos os afãs da nossa vida - grandes e pequenos - à honra de Deus Pai, de Deus Filho, de Deus Espírito Santo.

Recordo com emoção o trabalho daqueles universitários brilhantes - dois engenheiros e dois arquitectos -, ocupados com todo o gosto na instalação material de uma residência de estudantes. Mal acabaram de colocar o quadro numa aula, a primeira coisa que escreveram os quatro artistas foi: "Deo omnis gloria!", toda a glória para Deus.

- Já sei que te deu muito prazer, Jesus.

Onde quer que te encontrares, lembra-te de que o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir, e convence-te de que, quem quiser segui-lo, não pode pretender outra linha de conduta.

Deus tem sobre nós, seus filhos, um direito especial: o direito a que correspondamos ao seu amor, apesar dos nossos erros pessoais. Esta convicção, ao mesmo tempo que nos impõe uma responsabilidade de que não podemos escapar, dá-nos segurança plena: somos instrumentos nas mãos de Deus, com que Ele conta diariamente e, por isso, diariamente, nos esforçamos por servi-lo.

Nosso Senhor espera que os instrumentos façam o possível por estar bem dispostos: e tu tens de procurar que nunca falte essa boa disposição da tua parte.

Eu entendo que cada Ave-Maria, cada saudação a Nossa Senhora, é um novo bater de um coração apaixonado.

A nossa vida - a dos cristãos - tem de ser assim tão vulgar como isto: procurar fazer bem, todos os dias, as mesmas coisas que temos obrigação de viver; realizar no mundo a nossa missão divina, cumprindo o pequeno dever de cada instante.

Melhor: esforçando-nos por cumpri-lo, porque às vezes não o conseguimos e, ao vir a noite, no exame, teremos que dizer a Nosso Senhor: - Não te ofereço virtudes; hoje só posso oferecer-te defeitos, mas - com a tua graça - chegarei a chamar-me vencedor.

Desejo com todo o coração que, pela misericórdia de Deus, Ele - apesar dos teus pecados (nunca mais ofender a Jesus!) - te faça "viver habitualmente essa vida ditosa de amar a sua Vontade".

No serviço de Deus, não há trabalhos de pouca categoria: todos são de muita importância.

A categoria do trabalho depende do nível espiritual de quem o realiza.

- Não ficas contente com essa certeza, segura, de que Deus se interessa até pelas mais pequenas coisas das suas criaturas?

Manifesta-lhe de novo que queres ser eficazmente dele: - Ó Jesus, ajuda-me, faz-me teu de verdade: que arda e me consuma, à força de pequenas coisas que os outros não notem.

Santo Rosário. Os gozos, as dores e as glórias da vida de Nossa Senhora tecem uma coroa de louvores, que os Anjos e os Santos do Céu repetem ininterruptamente… e aqueles que amam a nossa Mãe aqui na terra.

- Pratica diariamente esta devoção santa e difunde-a.

O baptismo faz-nos "fideles", fiéis, palavra que, como aquela outra "sancti", santos, empregavam os primeiros seguidores de Jesus para se designarem entre si, e que ainda hoje se usa: fala-se dos "fiéis" da Igreja.

- Pensa nisto!

Deus não se deixa ganhar em generosidade e - podes ter a certeza! - concede a fidelidade a quem se lhe rende.

Exige-te sem medo. Muitas almas fazem assim na sua vida escondida, para que só Nosso Senhor brilhe.

Gostaria que tu e eu reagíssemos como aquela pessoa - que desejava ser muito de Deus - na festa da Sagrada Família, que se celebrava então na infra-oitava da Epifania.

"Não me faltam 'cruzinhas'. Uma, de ontem, - custou-me até chorar - trouxe-me à consideração, no dia de hoje, que o meu Pai e Senhor S. José e a minha Mãe Santa Maria não quiseram deixar o 'seu menino' sem presente de Reis. E o presente foi luz para conhecer a minha ingratidão com Jesus, por falta de correspondência à graça, e o erro enorme que significa opor-me, com a minha conduta vil, à Vontade Santíssima de Deus, que me quer para seu instrumento".

Quando as santas mulheres chegaram ao sepulcro, repararam que a pedra estava afastada.

Isso acontece sempre!: quando nos decidimos a fazer o que devemos, as dificuldades superam-se facilmente.

Convence-te de que, se não aprenderes a obedecer, não serás eficaz.

Quando receberes uma ordem, que ninguém te ganhe em saber obedecer!, tanto dá se faz frio ou calor, se estás com ânimo ou cansado, se és novo ou não o és tanto.

Uma pessoa que "não sabe obedecer", não aprenderá nunca a mandar.

Torpeza insigne é que o Director se conforme com que uma alma dê quatro, quando pode dar doze.

Tu hás-de obedecer - ou hás-de mandar - sempre com muito amor.

Gostaria - ajuda-me com a tua oração - que, na Igreja Santa, todos nos sentíssemos membros de um só corpo, como nos pede o Apóstolo; e que vivêssemos a fundo, sem indiferenças, as alegrias, as tribulações, a expansão da nossa Mãe, una, santa, católica, apostólica, romana.

Quereria que vivêssemos a identidade de uns com os outros e de todos com Cristo.

- Persuade-te, filho, de que desunir-se, na Igreja, é morrer.

Pede a Deus que na Santa Igreja, nossa Mãe, os corações de todos, como na primitiva cristandade, sejam um só coração, para que até ao fim dos séculos se cumpram de verdade as palavras da Escritura: "multitudinis autem credentium erat cor unum et anima una", a multidão dos fiéis tinha um só coração e uma só alma.

- Falo-te muito seriamente: que por tua causa não se lese esta unidade santa. Leva isto à tua oração!

A fidelidade ao Romano Pontífice implica uma obrigação clara e determinada: a de conhecer o pensamento do Papa, manifestado em Encíclicas ou noutros documentos, fazendo tudo o que estiver ao nosso alcance para que todos os católicos acolham o magistério do Padre Santo e acomodem a esses ensinamentos a sua actuação na vida.

Peço com todo o coração, diariamente, que Nosso Senhor nos conceda o dom de línguas. Um dom de línguas que não consiste no conhecimento de vários idiomas, mas em saber adaptar-se à capacidade dos ouvintes.

Não se trata de "falar nesciamente ao vulgo, para que entenda"; mas de falar sabiamente, em cristão, mas de modo acessível a todos.

Este dom de línguas é o que peço ao Senhor e à sua Mãe bendita para os seus filhos.

A malícia de alguns e a ignorância de muitos: eis o inimigo de Deus, da Igreja.

Confundamos o malvado, iluminemos a inteligência do ignorante… Com a ajuda de Deus e com o nosso esforço, salvaremos o mundo.

Temos de procurar que, em todas as actividades intelectuais, haja pessoas rectas, de autêntica consciência cristã, de vida coerente, que empreguem as armas da ciência ao serviço da humanidade e da Igreja.

Porque nunca faltarão no mundo, como aconteceu quando Jesus veio à terra, novos Herodes que tentam aproveitar os conhecimentos científicos, inclusivamente falseando-os, para perseguir Cristo e os que são de Cristo.

Que grande trabalho temos pela frente!

No teu trabalho de almas - toda a tua ocupação tem de ser trabalho de almas -, enche-te de fé, de esperança, de amor, porque todas as dificuldades se superam.

Para nos confirmar nesta verdade, escreveu o Salmista: "et Tu, Domine, deridebis eos: ad nihilum deduces omnes gentes" - Tu, Senhor, zombarás deles: reduzi-los-ás a nada.

Estas palavras ratificam o "non praevalebunt", os inimigos de Deus não prevalecerão: nada hão-de poder contra a Igreja nem contra aqueles - instrumentos de Deus - que servem a Igreja.

A nossa Santa Mãe a Igreja, em magnífica extensão de amor, vai espalhando a semente do Evangelho por todo o mundo. De Roma à periferia.

- Ao colaborares nessa expansão, pelo orbe inteiro, leva a periferia ao Papa, para que a terra toda seja um só rebanho e um só Pastor: um só apostolado!

"Regnare Christum volumus!" - queremos que Cristo reine. "Deo omnis gloria!" - para Deus toda a glória.

Este ideal de guerrear - e vencer - com as armas de Cristo, somente se tornará realidade pela oração e o sacrifício, pela fé e o Amor.

- Portanto…, orar, crer, sofrer, e Amar!

O trabalho da Igreja, cada dia, é como um grande tecido que oferecemos a Nosso Senhor, porque todos os baptizados somos Igreja.

Se cumprirmos - fiéis e entregues -, este grande tecido será formoso e sem defeito. Mas, se se solta um fio aqui, outro ali e outro pelo outro lado…, em vez de um bonito tecido, teremos um farrapo feito em tiras.

- Porque não te decides a fazer uma correcção fraterna? Sofre-se ao recebê-la, porque custa humilhar-se, pelo menos no princípio. Mas, fazê-la, custa sempre. Bem o sabem todos.

O exercício da correcção fraterna é a melhor maneira de ajudar, depois da oração e do bom exemplo.

Pela confiança que Ele deposita em ti, ao ter-te trazido à Igreja, hás-de ter a medida, a serenidade, a fortaleza, a prudência - humana e sobrenatural - de pessoa madura, que muitos só adquirem com o passar dos anos.

Não esqueças que cristão, como aprendemos no Catecismo, significa homem - mulher - que tem a fé de Jesus Cristo

Queres ser forte? Primeiro repara que és muito débil; e, depois, confia em Cristo que é Pai e Irmão e Mestre, e que nos faz fortes, entregando-nos os meios para vencer: os sacramentos. Vive-os!

Compreendia-te bem quando me confiavas: Quero embeber-me na liturgia da Santa Missa.

Valor da piedade na Santa Liturgia!

Não estranhei nada o que, há uns dias, me comentou uma pessoa, falando de um sacerdote exemplar, falecido recentemente: - Que santo era!

- Conhecia-o bem? - perguntei-lhe.

- Não - respondeu-me -, mas vi-o uma vez celebrar a Santa Missa.

Tu que te chamas cristão, tens de viver a Sagrada Liturgia da Igreja, tendo verdadeiro interesse por rezar e te mortificares pelos sacerdotes - especialmente pelos novos sacerdotes -, nos dias indicados para esta intenção, e quando souberes que recebem o Sacramento da Ordem.

Oferece a oração, a expiação e a acção por esta finalidade: "ut sint unum!", para que todos os cristãos tenham uma mesma vontade, um mesmo coração, um mesmo espírito: para que "omnes cum Petro ad Iesum per Mariam!", todos, bem unidos ao Papa, vamos a Jesus, por Maria.

- Perguntas-me, meu filho, o que podes fazer para que eu fique muito contente contigo.

Se Nosso Senhor está satisfeito contigo, eu também estou. E podes saber se Ele está contente contigo, pela paz e pela alegria no teu coração.

Característica evidente de um homem de Deus, de uma mulher de Deus, é a paz na alma: tem "a paz" e dá "a paz" às pessoas com quem convive.

Habitua-te a apedrejar com Ave-Marias esses pobres "odientos", como resposta às suas pedradas.

Não te preocupes se o teu trabalho de agora parece estéril. Quando a sementeira é de santidade, não se perde; outros recolherão o fruto.

Mesmo que consigas pouca luz na oração, mesmo que te pareça forçada, seca…, deves considerar, sempre com visão nova e segura, a necessidade da perseverança em todos os pormenores da tua vida de piedade.

Superavas-te ante as dificuldades do apostolado, orando assim: "Senhor, Tu és o de sempre. Dá-me a fé daqueles varões que souberam corresponder à tua graça e que fizeram - no teu Nome - grandes milagres, verdadeiros prodígios…".

E concluías: "sei que os farás; mas também me consta que queres que te peçam, que queres que te procuremos, que batamos com força às portas do teu Coração".

No fim, renovaste a tua decisão de perseverar na oração humilde e confiante.

Quando te vires atribulado… e também na hora do triunfo, repete: - Senhor, não me largues, não me deixes, ajuda-me como a uma criança inexperiente, leva-me sempre pela mão!

"Aquae multae non potuerunt exstinguere caritatem!". A turbulência das águas não pôde extinguir o fogo da caridade. - Ofereço-te duas interpretações destas palavras da Escritura Santa: uma, que a multidão dos teus pecados passados - a ti que estás bem arrependido - não te afastará do Amor do nosso Deus; e outra, que as águas da incompreensão, das contradições, que talvez padeças, não deverão interromper o teu trabalho apostólico.

Acabar! Acabar! - Filho, "qui perseverave-rit usque in finem, hic salvus erit", o que perseverar até ao fim salvar-se-á.

- E os filhos de Deus dispõem dos meios, tu também!: cobriremos águas, porque tudo podemos naquele que nos conforta.

Com Nosso Senhor não há impossíveis: superam-se sempre.

Às vezes apresenta-se um porvir imediato cheio de preocupações, se perdermos a visão sobrenatural dos acontecimentos.

- Portanto, filho, então fé… e mais obras. Assim é seguro que o nosso Pai-Deus continuará a dar solução aos teus problemas.

A providência ordinária é um contínuo milagre, mas… Ele empregará meios extraordinários, quando forem precisos.

O optimismo cristão não é um optimismo adocicado, nem tão pouco uma confiança humana em que tudo correrá bem.

É um optimismo que mergulha as suas raízes na consciência da liberdade e na segurança do poder da graça; um optimismo que leva a exigirmo-nos a nós próprios, a esforçarmo-nos por corresponder em cada instante aos chamamentos de Deus.

O dia do triunfo de Nosso Senhor, da sua Ressurreição, é definitivo. Onde estão os soldados que a autoridade tinha posto? Onde estão os selos que tinham colocado sobre a pedra de sepulcro? Onde estão os que condenaram o Mestre? Onde estão os que crucificaram Jesus?… Ante a sua vitória, produz-se a grande fuga dos pobres miseráveis.

Enche-te de esperança: Jesus Cristo vence sempre.

Se procurares Maria, encontrarás "necessariamente" Jesus e aprenderás - sempre com maior profundidade - o que há no Coração de Deus.

Quando te dispuseres a fazer um trabalho de apostolado, aplica a ti mesmo o que dizia um homem que procurava a Deus: "Hoje começo a pregar um retiro para sacerdotes. Oxalá tiremos muito fruto: em primeiro lugar, eu!".

E mais tarde: "estou há vários dias em retiro. Os que assistem ao retiro são cento e vinte. Espero que Nosso Senhor faça bom trabalho nas nossas almas".

- Filho, vale a pena que sejas humilde, obediente, leal, que te empapes do espírito de Deus, para o levar - do lugar que ocupas, do teu posto de trabalho - a todas as pessoas que povoam o mundo!

Na guerra, de pouco serviria a coragem dos soldados que se enfrentam com o inimigo, se não houvesse outras pessoas que sem tomar, aparentemente, parte na batalha, proporcionam munições e alimentos e remédios aos guerreiros…

- Sem a oração e sem o sacrifício de muitas almas, não haverá verdadeiro apostolado da acção.

Poder de fazer milagres!: quantas almas mortas, e até apodrecidas, ressuscitarás, se permitires que Cristo actue em ti.

Naqueles tempos, narram os Evangelhos, Nosso Senhor passava, e eles, os doentes, chamavam-no e procuravam-no. Também agora Cristo passa com a tua vida cristã e, se o secundares, quantos o conhecerão, o chamarão, lhe pedirão ajuda e se lhes abrirão os olhos à luz maravilhosa da graça.

Teimas em fazer o que te apetece e o teu trabalho é estéril.

Obedece, sê dócil: pois da mesma maneira que é necessário pôr cada roda de uma máquina no seu lugar (caso contrário pára ou deformam-se as peças; e, sem dúvida, não produz ou o seu rendimento é muito escasso), assim também um homem ou uma mulher, fora do seu campo de acção, serão um estorvo e não um instrumento de apostolado.

O apóstolo só tem um fim: deixar actuar Nosso Senhor, tornar-se disponível.

Também os primeiros Doze eram estrangeiros nas terras que evangelizavam, e tropeçavam com pessoas que construíam o mundo sobre bases diametralmente opostas à doutrina de Cristo.

- Olha: para além dessas circunstâncias adversas, sabiam-se depositários da mensagem divina da Redenção. E o Apóstolo clama: "ai de mim se não evangelizar!".

A eficácia co-redentora, eterna!, das nossas vidas, só pode efectivar-se com a humildade, desaparecendo, para que os outros descubram Nosso Senhor.

Os filhos de Deus têm de ser, na sua acção apostólica, como essas potentes instalações eléctricas: encherão o mundo de luz, sem que se veja o foco.

Diz Jesus: "Quem a vós ouve a Mim ouve".

- Julgas ainda que são as tuas palavras que convencem os homens?… Além disso, não esqueças que o Espírito Santo pode servir-se do instrumento mais inepto para levar a cabo os seus planos.

Que admiravelmente se aplicam aos filhos de Deus estas palavras de Santo Ambrósio! Fala do burrinho preso com a asna, de que Jesus precisava, para o seu triunfo, e comenta: "só uma ordem do Senhor o podia desatar. Soltaram-no as mãos dos Apóstolos. Para um facto semelhante, requerem-se um modo de viver e uma graça especial. Sê tu também apóstolo, para poderes libertar os que estão cativos".

- Deixa-me glosar-te de novo este texto: quantas vezes, por mandato de Jesus, soltaremos as prisões das almas, porque Ele as necessita para o seu triunfo! Que sejam de apóstolo as nossas mãos e as nossas acções e a nossa vida… Então Deus dar-nos-á também graça de apóstolo, para quebrar os ferros dos acorrentados.

Não podemos atribuir-nos nunca o poder de Jesus que passa entre nós. Nosso Senhor passa e transforma as almas, quando nos pomos todos junto dele, com um só coração, com um só sentir, com um só desejo de sermos bons cristãos; mas é Ele, não tu nem eu. É Cristo que passa!

E, além disso, fica nos nossos corações - no teu e no meu! - e nos nossos sacrários.

É Jesus que passa e Jesus que fica. Permanece em ti, em cada um de vós e em mim.

Nosso Senhor quis fazer-nos co-redentores com Ele.

Por isso, para ajudar-nos a compreender esta maravilha, move os evangelistas a relatarem tantos prodígios grandes. Ele podia tirar o pão donde quisesse…, mas não! Procura a cooperação humana: necessita de uma criança, de um rapaz, de uns bocados de pão e de uns peixes.

- Tu e eu fazemos-lhe falta, e é Deus! Isto há-de urgir-nos a ser generosos na correspondência às suas graças.

Se o ajudares, ainda que seja com uma ninharia, como fizeram os Apóstolos, Ele está disposto a fazer milagres, a multiplicar os pães, a mudar as vontades, a dar luz às inteligências mais obscuras, a fazer - com uma graça extraordinária - que sejam capazes de rectidão os que nunca o foram.

Tudo isto… e mais, se o ajudares com o que tiveres.

Jesus morreu. É um cadáver. Aquelas mulheres santas não esperavam nada. Tinham visto como o tinham maltratado e como o tinham crucificado: presente tinham a violência daquela Paixão sofredora!

Sabiam também que os soldados guardavam o lugar, sabiam que o sepulcro estava completamente cerrado: "quem nos tirará a pedra da entrada?", perguntavam-se, porque era uma lousa enorme. No entanto…, apesar de tudo, elas vão estar com Ele.

- Olha, as dificuldades - grandes e pequenas - vêem-se imediatamente…, mas, se há amor, não se repara nesses obstáculos e procede-se com audácia, com decisão, com valentia; confessa que sentes vergonha ao contemplar a vibração, a intrepidez e a valentia dessas mulheres.

Maria, tua Mãe, levar-te-á ao Amor de Jesus. E aí estarás "cum gaudio et pace", com alegria e paz, sempre "levado" - porque sozinho cairias e encher-te-ias de lodo - pelo caminho fora, para crer, para amar e para sofrer.

Referências da Sagrada Escritura
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