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A experiência do pecado não nos deve, portanto, fazer duvidar da nossa missão. Certamente que os nossos pecados podem dificultar que Cristo seja reconhecido, e por isso devemos lutar contra as nossas misérias pessoais, buscar a purificação, sabendo, porém, que Deus não nos prometeu a vitória absoluta sobre o mal nesta vida, mas o que nos pede é luta. Sufficit tíbi gratia mea, basta-te a minha graça, respondeu Deus a Paulo, que pedia a sua libertação do aguilhão que o humilhava.

O poder de Deus manifesta-se na nossa fraqueza, e incita-nos a lutar, a combater os nossos defeitos, mesmo sabendo que nunca obteremos completamente a vitória durante este caminhar terreno. A vida cristã é um constante começar e recomeçar, uma renovação em cada dia.

Cristo ressuscita em nós, se nos tornarmos comparticipantes da sua Cruz e da sua Morte. Temos de amar a Cruz, a entrega a mortificação. O optimismo cristão não é um optimismo cómodo, nem uma confiança humana em que tudo correrá bem; é um optimismo que se enraíza na consciência da liberdade e na fé na graça; é um optimismo que nos obriga a exigirmo-nos a nós próprios, a esforçarmo-nos por corresponder ao chamamento de Deus.

Cristo manifesta-se, portanto, não já apesar da nossa miséria, mas, de certo modo, através da nossa miséria, da nossa vida de homens feitos de carne e de barro, no esforço por sermos melhores, por realizarmos um amor que aspira a ser puro, por dominarmos o egoísmo, por nos entregarmos plenamente aos demais, fazendo da nossa existência um serviço constante.

Referências da Sagrada Escritura
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