5

Vida interior: é uma exigência do chamamento que o Mestre fez à alma de todos. Temos de ser santos - di-lo-ei com uma expressão castiça - da cabeça aos pés: cristãos de verdade, autênticos, canonizáveis; se não, fracassámos como discípulos do único Mestre. Pensem também que Deus, ao reparar em nós, ao conceder-nos a sua graça para lutarmos por alcançar a santidade no meio do mundo, nos impõe também a obrigação do apostolado. Compreendam que, até humanamente, como comenta um Padre da Igreja, a preocupação pelas almas brota como uma consequência lógica dessa escolha: quando descobris que algo vos foi proveitoso, tentais atrair os outros. Tendes pois que desejar que outros vos acompanhem pelos caminhos de Nosso Senhor. Se ides ao foro ou aos banhos e deparais com alguém que esteja desocupado, convidai-lo para que vos acompanhe. Aplicai ao espiritual este costume terreno e, quando fordes a Deus, não o façais sós.

Se não queremos desperdiçar o tempo inutilmente - nem sequer com falsas desculpas das dificuldades exteriores do ambiente, que nunca faltaram desde o princípio do cristianismo - devemos ter muito presente que, de um modo normal, Jesus Cristo vinculou à vida interior a eficácia da nossa acção para arrastar os que nos rodeiam. Cristo pôs a santidade como condição para a eficácia da acção apostólica; corrijo-me, o esforço da nossa fidelidade, porque na terra nunca seremos santos. Parece inacreditável, mas Deus e os homens precisam que, da nossa parte, haja uma fidelidade sem condições, sem eufemismos, que chegue até às últimas consequências, sem mediocridade ou concessões, em plenitude de vocação cristã assumida e praticada com delicadeza.

Este ponto noutra língua