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De que amor se trata? A Sagrada Escritura fala de dilectio, para que se entenda bem que não se refere apenas ao afecto sensível. É mais uma determinação firme da vontade. Dilectio deriva de electio, de escolher. Eu acrescentaria que amar, em sentido cristão, significa querer querer, decidir-se em Cristo a procurar o bem das almas sem discriminação de qualquer género, conseguindo para elas antes de mais o que há de melhor: que conheçam a Cristo e que se apaixonem por Ele.

O Senhor urge-nos: portai-vos bem com os que vos aborrecem e orai pelos que vos perseguem e caluniam. Podemos não nos sentir humanamente atraídos pelas pessoas que nos afastariam, se nos aproximássemos delas. Mas Jesus exige que não lhes devolvamos mal por mal; que não desperdicemos as ocasiões de as servir com o coração, ainda que nos custe; e que não deixemos nunca de as ter presentes nas nossas orações.

Essa dilectio, essa caridade, enche-se de matizes mais profundos quando se refere aos irmãos na fé, especialmente aos que, porque Deus assim o estabeleceu, trabalham mais perto de nós: os pais, o marido ou a mulher, os filhos e os irmãos, os amigos e os colegas, os vizinhos. Se não existisse este carinho, amor humano nobre e limpo, ordenado a Deus e n'Ele fundamentado, não haveria caridade.

Referências da Sagrada Escritura
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